Venezuela abre investigação sobre rebelião que matou ao menos 54
O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu na noite desta sexta-feira que seja aberta uma investigação para investigar as causas da rebelião na prisão de Uribana, no oeste do país. Segundo fontes de hospitais locais, pelo menos 54 pessoas morreram.
A rebelião foi na manhã de sexta e os feridos começaram a chegar ao hospital de Barquisimeto por volta das 11h30 (13h em Brasília), levados pela Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar venezuelana). A maioria dos ferimentos foi provocada por disparos de armas de fogo.
Maduro lamentou o incidente e disse que pediu à procuradora-geral da República, Luisa Ortega, uma investigação ampla e disse estar disposto a colaborar com as investigações da Promotoria e do Legislativo. Ele ainda afirmou que o governo apresentará medidas para diminuir a violência no sistema carcerário.
Segundo o diretor do hospital de Barquisimeto, Ruy Medina, mais de 90 detentos foram levados e 12 morreram na unidade. Outros 30 continuam internados em estado grave. O governo venezuelano ainda não fez um balanço oficial do número de vítimas.
Durante a tarde de ontem, a ministra do Serviço Penitenciário, Iris Varela, confirmou o motim, mas não deu informações precisas sobre o número de mortos, dizendo que só serão divulgadas quando se tiver o controle absoluto da situação.
Ela acusou internautas e meios de comunicação locais de ter anunciado a rebelião antes de que ela acontecesse, o que contribuiu para o aumento da violência. Testemunhas dizem que os combates duraram cerca de três horas e foram ouvidos disparos intensos de armas de fogo e explosões de granadas.
SUPERLOTAÇÃO
O chamado Centro Penitenciário da região centro-ocidental, mais conhecido como Uribana, abriga 2.400 presos, mas tem capacidade para apenas 850. A cadeia é considerada uma das mais violentas da Venezuela e foi motivo de uma investigação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O sistema penitenciário venezuelano é considerado um dos mais precários da América Latina, por sua superlotação e a violência dos presos. São frequentes as rebeliões de detentos contra o sistema carcerário, frequentemente com alto número de mortos.
Em 2011, o presidente Hugo Chávez criou o ministério do Serviço Penitenciário após a maior crise no sistema, provocada por um mês de rebelião de presos na penitenciária de Rodeo 2, na periferia de Caracas. Na ação, cerca de mil presos tomaram o controle da prisão e resistiram a um cerco militar.
O último motim de grandes proporções foi em agosto, quando 26 pessoas morreram na prisão de Yare 1, em Caracas. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Prisões, pelo menos 560 presos morreram e mais de 1.500 ficaram feridos em rebeliões em 2011.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis