Líder religioso sunita pede que Irã não interfira em países do Golfo
O líder do grupo Al Azhar, o maior grupo islâmico sunita do Egito, pediu nesta terça-feira ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que não interfira em questões internas de países do golfo Pérsico, que são, em sua grande maioria, governados por monarquias.
Em comunicado, o xeque Ahmed al Tayyeb pediu ao mandatário do Irã, o maior Estado xiita do Mundo, que respeite os países do Golfo, em especial o Bahrein, que passou por um período de rebelião contra o rei Hamad bin Insa al Khalifa.
Al Tayyeb teve um encontro breve com Ahmadinejad que, após a visita à Al Azhar, deu uma entrevista coletiva. O tratamento seco dado ao líder iraniano mostra as preocupações com a retórica da República Islâmica, xiita, contra os sunitas.
Um dos clérigos que acompanhava a visita do iraniano, Hassan al Shafai, disse que a visita se transformou em uma disputa teológica entre os xiitas e os sunitas.
"Houve alguns mal entendidos em alguns temas que podem ter um efeito nos climas cultural, político e social entre os dois países. Com esses problemas, não foi alcançado o resultado desejado".
As duas vertentes do islamismo se separaram após a morte do profeta Maomé, no século 7. A divisão provoca uma série de conflitos sectários no Oriente Médio e na Ásia Central, sendo os mais emblemáticos os do Iraque, do Afeganistão e do Paquistão.
HARMONIA
Apesar das diferenças religiosas com o grupo Al Azhar, Ahmadinejad defendeu uma posição unificada de Irã e Egito em relação à questão palestina. Ele disse que gostaria de visitar a faixa de Gaza, governada pelo movimento radical Hamas, que é acusado de receber ajuda de Teerã.
O iraniano chegou nesta terça ao Cairo, em uma visita para a reunião da cúpula dos países islâmicos. É a primeira vez desde a Revolução Islâmica iraniana, em 1979, que um chefe de governo do país não vai ao Egito.
Nos últimos 30 anos, a visita de um mandatário iraniano seria impensável, já que o regime de Hosni Mubarak (1981-2011) reconheceu o Estado de Israel, que é recusado por Teerã.
A viagem mostra que o governo egípcio deverá ampliar as relações com os vizinhos islâmicos, que foram deixadas em segundo plano por Mubarak. O ex-ditador despertou a animosidade dos países do Oriente Médio ao selar um acordo de paz com Israel e manter relações próximas com os Estados Unidos.
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