Tunisianos se reúnem para cortejo fúnebre de líder oposicionista
Milhares de pessoas se reuniram nesta sexta-feira, em Túnis, para participar do cortejo fúnebre de Chokri Belaid, um líder da oposição tunisiana assassinado na quarta-feira (6). O crime deu início a uma onda de protestos e elevou os temores de que o país, que foi berço da chamada Primavera Árabe, em 2011, volte a mergulhar em violência e instabilidade política.
Uma multidão acompanhou o trajeto do caixão, ornado com uma bandeira da Tunísia, num caminhão aberto. Manifestantes e cartazes encheram as ruas. "Belaid, descanse em paz, continuaremos o esforço", afirmavam os simpatizantes do oposicionista.
Para marcar a data, a oposição e as centrais sindicais do país também convocaram uma greve geral para esta sexta.
Centenas de policiais acompanharam a movimentação no centro da capital tunisiana. Parte do comércio teve de ser fechada. Os ônibus continuaram circulando. A Tunis Air suspendeu todos os voos, enquanto a EgyptAir cancelou dois com destino a Túnis. Voos afetados por outras companhias aéreas não foram afetados.
Na cidade de Sidi Bouzid, cerca de 10 mil pessoas se reuniram para homenagear Belaid e protestar contra o governo, ainda conforme testemunhas.
Na tentativa de conter a reação à morte de Belaid, na quarta, o premiê Hamid Jebali anunciou a dissolução do governo e a formação de um gabinete emergencial de tecnocratas antes da convocação de eleições. Porém, o partido dele, o Nahda, rejeitou as medidas.
Cerca de 50 deputados opositores anunciaram ontem que suspendiam temporariamente sua representação e se retiravam da sessão extraordinária que era realizada pela Assembleia Nacional Constituinte, convocada para discutir a crise suscitada após a morte de Belaid.
CRIME
Belaid foi assassinado na frente da sua casa, em Túnis, por um motociclista que fugiu. Ninguém reivindicou a autoria do crime. Apesar disso, uma multidão ateou fogo à sede do Nahda, que formou a maior bancada nas eleições legislativas de 16 meses atrás, as primeiras no país depois da revolução que derrubou o ditador Zine al Abidine Ben Ali.
Belaid era um advogado esquerdista que tinha relativamente poucos seguidores políticos, mas que falava por muitos que temem restrições de radicais religiosos às liberdades conquistadas recentemente.
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