Presidente do Irã desafia rivais e põe assessor cassado em cargo
Em mais um desafio frontal às facções internas rivais, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, criou um alto cargo para um político aliado que havia sido cassado de sua posição de ministro do Trabalho.
O episódio expõe o acirramento da disputa na cúpula do regime antes da eleição presidencial de junho, na qual Ahmadinejad busca ter influência apesar de não poder concorrer devido ao limite de dois mandatos.
Segundo a agência Mehr, um decreto presidencial anteontem apontou Abdol Reza Sheikoleslami para o inédito cargo de vice-presidente para temas sociais, que se soma aos 12 outros vice-presidentes que já existiam.
A manobra surge menos de duas semanas após ele ter sido destituído de seu cargo anterior por um impeachment orquestrado pelo líder do Parlamento, Ali Larijani, provável candidato no pleito presidencial de junho.
Larijani, cuja família controla também o Judiciário, justificou o impeachment alegando que Sheikoleslami havia recrutado no Ministério do Trabalho um assessor processado por ter ordenado tortura e morte de oposicionistas no rastro da contestada reeleição de Ahmadinejad, em 2009.
Na tentativa de defender seus aliados, Ahmadinejad foi até o Parlamento e projetou num telão um vídeo em que o irmão caçula de Larijani supostamente pede propina, em troca de apoio político, ao assessor acusado de matar dissidentes.
Mas a acusação de corrupção contra o clã Larijani não surtiu efeito, e o presidente acabou abandonando a sala sob vaias dos deputados.
Sheikoleslami é o nono membro do gabinete presidencial a ser derrubado no segundo mandato de Ahmadinejad. Por trás da pressão está um aparente esforço de facções radicais para enfraquecer o presidente e o candidato que ele deve tentar emplacar na eleição, Esfandiar Rahim Mashaee.
Apesar de populares nas camadas pobres e rurais, Ahmadinejad e Mashaee vêm sendo marginalizados por rivais que os acham muito liberais. No último domingo, simpatizantes do presidente atiraram sapatos e outros objetos contra Larijani, impedindo que ele discursasse, em seu reduto de Qom (sul de Teerã), pelo 34º aniversário da revolução islâmica.
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