Correa se beneficia de oposição dividida
Quase quarenta pontos de diferença. A predominarem nas urnas amanhã os números que vêm sendo indicados nas pesquisas eleitorais equatorianas, será mais ou menos esta a distância entre o favorito, o presidente Rafael Correa, 49, e o segundo colocado, o ex-banqueiro e membro da Opus Dei Guillermo Lasso, 57.
Enquanto Correa parece ter estacionado nos 48%, seu concorrente "direto" surge com 9% a 11%, segundo pesquisas recentes dos institutos CMS e Perfiles de Opinión.
Para ganhar a eleição no primeiro turno, o candidato deve ter a metade dos votos mais um, ou 40%, e uma diferença de 10 pontos com relação ao segundo colocado. Caso haja necessidade de um segundo turno, este acontecerá dia 7 de abril.
Nas últimas semanas, houve uma oscilação para baixo de Lasso, enquanto o terceiro colocado, o militar aposentado e ex-presidente (2003-2005) Lucio Gutiérrez, 55, subiu para 5%.
Gutiérrez tem apoio na região serrana e entre comunidades indígenas, enquanto os focos dos votos de Correa são os centros urbanos de Quito e Guayaquil, sua terra-natal, e áreas mais povoadas.
O resto da oposição fraturou-se em outras cinco candidaturas, que já anunciaram sua falta total de chances e buscam apenas estruturar-se como partidos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
"Estamos vivendo o fim de um ciclo de transição entre um sistema de partidos grandes, tradicionais, tornados arcaicos, para um novo, de partidos de nicho, de minorias. Isso provocou a fragmentação da oposição", diz à Folha o analista político Pablo Andrade, da Universidade Andina Simón Bolívar.
Entre os "nanicos" desta eleição estão dois ex-aliados de Correa. Alberto Acosta, que ocupa hoje o posto à esquerda do panorama político depois que Correa migrou para o centro. Acosta tem apoio de sindicatos e algumas minorias indígenas.
Sua plataforma foi apresentar-se como "a verdadeira esquerda" e como defensor do ambiente, apoiando as lutas contra a instalação de grandes mineradoras no país. Outro que também rompeu com o atual presidente foi Norman Wray, fundador do movimento Ruptura. Ambos têm entre 2% e 3%.
Há uma espécie de candidatura-fantasma, do pastor evangélico Nélson Zavala, que se diz representante do ex-presidente Abdalá Bucaram -- este, refugiado da Justiça que vive no Panamá.
Completam a lista o empresário Alvaro Noboa, que tenta o cargo pela quinta vez, e o jurista Mauricio Rodas.
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