Governo da Bulgária renuncia após protestos contra preço da energia
O gabinete da Bulgária apresentou sua renúncia ao Parlamento nesta quarta-feira após dez dias de protestos violentos contra o aumento do preço da energia elétrica. Nas últimas horas, a tensão aumentou e pelo menos 28 pessoas ficaram feridas em manifestações na capital Sófia.
Nas últimas semanas, as operadoras de energia do país resolveram aumentar a energia elétrica e o gás natural no meio do inverno, período em que há forte demanda. A alta acontece em meio à perda de poder aquisitivo da população por causa das medidas de austeridade impostas pelo governo.
Em pronunciamento, o primeiro-ministro, Boiko Borisov, disse que não participará de um governo interino antes das eleições legislativas, previstas para julho e que serão antecipadas. "Não participarei em um governo no qual a polícia agride as pessoas e no qual as ameaças de protestos substituem o debate político".
A renúncia acontece após Borisov ter prometido reduzir em 8% o preço da energia e multar as empresas de eletricidade EVN, CEZ e Energo-Pro. A CEZ, da República Tcheca, também teria a licença retirada. Ele também demitiu o ministro das Finanças, Simeon Djankov, considerado responsável por autorizar o aumento.
Apesar das tentativas, os protestos se intensificaram e, na manhã desta quarta, um homem de 36 anos se imolou em frente à prefeitura de Varna, no leste do país. O manifestante foi internado em estado crítico, com 80% do corpo queimado.
O incidente acontece um dia após um jovem ter feito a mesma coisa em Veliko Tarnovo, na região central do país. Ele morreu em consequência da gravidade dos ferimentos. A polícia afirmou que o manifestante sofria de transtornos psíquicos.
A Bulgária é o país mais pobre da União Europeia e da zona do euro. Com salário médio em torno de € 350 (R$ 918), um mínimo de € 155 (R$ 406) e aposentadorias médias de € 75 (R$ 197), o país passa por fortes medidas de austeridade impostas pelo governo há quatro anos.
Recomendados pelo BCE (Banco Central Europeu) e a Comissão Europeia, os cortes orçamentários e os aumentos de impostos diminuíram o poder aquisitivo da população e aprofundaram a recessão no país.
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