Islâmico diz que governo da Tunísia será escolhido na semana que vem
O líder do partido islâmico Al Nahda, Rached Ghannouchi, disse nesta quarta-feira que os integrantes do novo governo da Tunísia deverão ser escolhidos até a próxima semana. Ele participou hoje de uma reunião com o presidente Moncef Marzouki.
Os dois tentam formar um novo Executivo após a renúncia do primeiro-ministro Hamadi Jabali, anunciada na terça (19). Jabali deixou o cargo após não obter consenso para formar um governo técnico, encarado por ele como solução para acabar com a crise política causada pela morte de um líder opositor no início do mês.
Em entrevista após a reunião com o chefe de Estado, o líder islâmico disse que ainda não possuía um nome para substituir Jabali, mas que precisava chegar a um acordo o mais rápido possível. "Nós precisamos de um governo de coalizão com vários partidos políticos e funcionários técnicos".
Questionado sobre nomes para assumir a chefia de governo, Ghannouchi não fez comentários. No entanto, o membro da cúpula do partido, Abdellatif Mekki, disse que o candidato seria escolhido em uma reunião nesta quinta (21).
Como estipula a Constituição, é o chefe de Estado quem deve nomear o novo chefe de governo, que deverá pertencer ao partido majoritário no Parlamento, neste caso o Al Nahda. O substituto de Jabali terá 15 dias para escolher os novos ministros e outros integrantes do Executivo.
LÍDER OPOSITOR
A renúncia de Jabali aconteceu após tentar articular um governo técnico, em meio à crise política provocada pela morte do líder opositor Chukri Bel Aid, no dia 6. Durante cinco dias, adversários do governo protestaram em Túnis e outras cidades do país.
Bel Aid foi atingido por dois tiros, na cabeça e no peito, disparados a curta distância, ao sair de casa para ir ao trabalho. Os autores teriam fugido em uma moto.
O partido do opositor é o segundo agrupamento da coligação de esquerda "Frente Popular pelos objetivos da Revolução", dirigida por Hama Hamami, líder do Partido dos Operários Comunistas de Tunísia (POCT).
Após a aliança opositora liderada por Nidá Tunis, do ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi, a Frente Popular é considerada como a segunda força da oposição. Eles acusam o governo de apoiar grupos salafistas (radicais islâmicos), que estariam por trás de atos de terrorismo e perseguição política aos liberais.
A Tunísia foi o primeiro país do norte da África a derrubar uma ditadura durante a chamada Primavera Árabe, em 2011. O ditador Zine El Abidine Ben Ali, que governou o país por 23 anos, foi deposto em janeiro de 2011, após revolta popular.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis