Rússia culpa EUA por vetar condenação a atentado a partido na Síria
O governo da Rússia acusou nesta sexta-feira os Estados Unidos de vetar uma condenação na ONU (Organização das Nações Unidas) ao atentado que atingiu nesta quinta-feira a sede do partido Baath, do ditador sírio, Bashar Assad, em Damasco, na quinta (21).
Segundo o chanceler Sergei Lavrov, Washington foi o principal responsável por vetar uma condenação do Conselho de Segurança ao ataque. O grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos informou nesta sexta que a explosão deixou 61 mortos e mais de 200 feridos.
Em discurso em Moscou, Lavrov acusou os Estados Unidos de usar um padrão duplo em relação à crise na Síria. Para ele, os americanos condenam as ações do regime e são condescendentes com atos violentos feitos pelos rebeldes, a quem abertamente apoia.
"Acreditamos que esse é um padrão duplo e vemos nele uma tendência muito perigosa de nossos colegas norte-americanos para afastar-se do princípio fundamental da condenação incondicional a qualquer ato terrorista, um princípio que assegura a unidade da comunidade internacional na luta contra o terrorismo."
O atentado foi realizado na tarde de quinta (21) e tinha como objetivo a sede do partido Baath, no bairro de Mazraa, no centro de Damasco. A ação aconteceu a metros da embaixada russa em Damasco, que também foi danificada. Nenhum membro do corpo diplomático russo morreu ou ficou ferido.
Horas depois, uma tripla explosão provocada por carros-bomba deixou 22 mortos no bairro de Barzeh, ao norte da capital síria, dentre eles 19 membros das forças de segurança. O atentado tinha como alvo um grupo de forças aliadas ao regime de Bashar Assad.
Nenhum grupo assumiu até o momento a autoria das ações. O regime sírio acusou divisões dos rebeldes sírios vinculadas à rede terrorista Al Qaeda pelos atentados, mas não deu detalhes sobre as investigações ou o número de mortos.
Por outro lado, a Coalizão da Oposição Síria condenou as ações, mas não fez nenhum tipo de acusação ao regime. Nos últimos meses, a maioria dos atentados com explosivos em Damasco tem sido reivindicada pela rede Jabhat al Nusra, que é ligada à Al Qaeda.
EMBATE
Rússia e Estados Unidos estão em lados opostos na crise síria desde o início dos confrontos, em março de 2011. Washington defende abertamente a queda do ditador Bashar Assad e dá apoio logístico e de suprimentos aos rebeldes, embora não tenha fornecido oficialmente armas.
Moscou, em contrapartida, mantém uma postura mais próxima ao regime de Assad, defendendo a diplomacia para solucionar o conflito e considerando que parte dos rebeldes são terroristas que querem desestabilizar o regime sírio.
Devido a esse embate, a Rússia vetou, junto com a China, três resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que aplicariam contra o governo sírio. O impasse entre as potências contribuiu para o agravamento da crise no país, que deixou mais de 70 mil mortos em 23 meses.
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