Partido islâmico indica ministro da Defesa para premiê da Tunísia
O partido islâmico Al Nahda indicou nesta sexta-feira o ministro da Defesa, Ali Larayedh, como o candidato a primeiro-ministro da Tunísia. Ele substituirá Hamadi Jabali, que renunciou na terça (19) após não conseguir consenso para formar um governo técnico.
A proposta de mudança de gabinete aconteceu após protestos e pressão da oposição liberal causada pela morte do líder político Chukri Bel Aid, assassinado no último dia 6. Os adversários do Al Nahda, que lidera o Parlamento, acusam o partido de apoiar radicais islâmicos salafistas.
A nomeação foi informada pelo líder do Al Nahda, Rached Ghannouchi, por sua página na rede social Facebook e confirmada pelas agências de notícias Reuters e France Presse com integrantes da agremiação. Ele era um dos favoritos de uma lista de ministros que assumiria o lugar de Jabali.
Segundo Ghannouchi, ele deverá se reunir com o presidente tunisiano, Moncef Marzouki, para oficializar a nomeação. O chefe de Estado deve aceitar que Larayedh seja chefe de governo. Após a aprovação, o atual ministro da Defesa terá 15 dias para formar seu gabinete.
PROTESTOS
A troca de gabinete na Tunísia acontece três semanas após intensos protestos causados pela morte de Chukri Bel Aid, líder opositor liberal que era crítico ao governo do partido islâmico. A morte do adversário político foi o estopim para intensos protestos que culminaram na queda de Hamadi Jabali.
Horas após o incidente, o então primeiro-ministro sugeriu a formação de um governo totalmente composto por funcionários técnicos, o que desagradou aos partidos da oposição e o próprio Al Nahda. Após tentar duas semanas formar um governo, ele renunciou.
O partido do opositor Chukri Bel Aid é o segundo agrupamento da coligação de esquerda "Frente Popular pelos objetivos da Revolução", dirigida por Hama Hamami, líder do Partido dos Operários Comunistas de Tunísia (POCT).
Após a aliança opositora liderada por Nidá Tunis, do ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi, a Frente Popular é considerada como a segunda força da oposição. Eles acusam o governo de apoiar grupos salafistas (radicais islâmicos), que estariam por trás de atos de terrorismo e perseguição política aos liberais.
A Tunísia foi o primeiro país do norte da África a derrubar uma ditadura durante a chamada Primavera Árabe, em 2011. O ditador Zine El Abidine Ben Ali, que governou o país por 23 anos, foi deposto em janeiro de 2011, após revolta popular.
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