Família de alfaiates de Roma faz as roupas do papa há seis gerações
Se o mundo está ansioso para saber quem será o sucessor de Bento 16, imagine os integrantes da família Gammarelli. Responsáveis por vestir o papa, e sem saber se o próximo será gordo ou magro, baixo ou alto, eles já começaram a preparar três tamanhos da roupa com a qual ele será apresentado aos fieis, provavelmente este mês.
A pequena alfaiataria da família, no centro de Roma, logo atrás do Pantheon, é especializada há mais de 200 anos em roupas religiosas.
Lorenzo Gammarelli, 40, que representa a sexta geração, promete expor a partir da próxima segunda-feira as primeiras roupas do novo pontífice na vitrine da loja.
O que está em elaboração agora é a batina branca, de lã por causa do inverno, usada por baixo, o manto vermelho, de veludo (que vai por cima), além de uma cinta também vermelha.
Sapatos já foram encomendados também, segundo Lorenzo. Ele explica que não é a sua família quem produz os calçados de couro, mas garante que são terceirizados e fornecidos por ele. "Como não sabemos o número, mandamos fazer uns bons pares", brinca Lorenzo. "Mas não importa como ele é fisicamente, o importante é que seja um bom papa".
Ele não soube dizer como ocorreu o contato entre a cúpula do Vaticano e sua família, mas garante que a tradição foi e será mantida pelo padrão de qualidade e observância às tradições da igreja.
Ele conta que as roupas precisam de três dias, ou um pouco mais, para ficarem prontas e alguma delas precisa caber no próximo papa, já que não pode entrar na Capela Sistina, durante o conclave, para fazer ajustes e tirar medidas. Diz, no entanto, que algum dos tamanhos deve certamente servir.
O INÍCIO
Em 1798, Giovanni Antonio Gammarelli, avô do avô do pai de Lorenzo, começou o negócio bem-sucedido. Desde então, passou a vestir a cúpula do Vaticano, mas muitos dos registros se perderam.
Com certeza, "certeza absoluta", diz Lorenzo, eles mediram os pescoços e as cinturas de Pio 11, Pio 12, João 23, Paulo 6º, João Paulo 1º, João Paulo 2º e, mais recentemente, Bento 16. Todos têm seus retratos, algum deles assinados, na parede da lojinha.
A empresa envolve toda família. Um tio ainda trabalha por lá, assim como alguns primos. Lorenzo conta que já existe uma sétima geração, que provavelmente trabalhará com eles. "São sobrinhos muito pequenos, e provavelmente nem sabem disso ainda", brincou.
E não é apenas o papa, ou bispos, sacerdotes e cardeais que são atendidos na loja, mas qualquer um que estiver disposto a abrir o bolso e mandar fazer um terno ou algum outro traje de festa.
O preço, porém, Lorenzo não revela. "Sobre isso eu não falo de jeito nenhum" --mas sabendo quem é seu cliente principal, dá para ter uma ideia de que barato não é.
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