Missão é eleger chavista, diz chefe militar
Apenas horas depois do anúncio da morte de Hugo Chávez, o ministro da Defesa da Venezuela, Diego Molero, provocou a ira da oposição ontem ao prometer que as Forças Armadas do país vão trabalhar para eleger o herdeiro escolhido pelo esquerdista, o atual presidente interino Nicolás Maduro.
O pronunciamento foi feito na TV oficial venezuelana. "Agora mais que nunca o povo venezuelano e a Força Armada Nacional Bolivariana devem estar unidos para chegar ao objetivo ou à missão que ele [Chávez] nos encomendou, que é levar nosso atual vice-presidente da República, Nicolás Maduro, a ser o próximo presidente eleito de todos os venezuelanos", disse o almirante Molero.
A oposição, em nota, reagiu: "Quando a Venezuela inteira quer unidade e paz e um clima de respeito predomina, contrastam por inaceitáveis as declarações do ministro que, além de falsas, são inconstitucionais", disse Ramón Guillermo Aveledo, secretário-executivo da MUD, a coalizão que reúne os partidos da oposição.
O alinhamento da cúpula das Forças Armadas ao projeto socialista não é novo, mas é considerado um dos legados institucionalmente mais delicados dos 14 anos de chavismo.
Ricardo Mazalan - 6.mar.2013/AP | ||
Caixão com o corpo do presidente venezuelano, Hugo CHávez, que morreu na terça-feira (5) em Caracas |
MADURO INTERINO
Integrantes da oposição protestam também pela solução legal que transformou o vice Maduro em presidente interino --ontem ele assinou seu primeiro decreto com o novo status-- até as novas eleições presidenciais.
O governo diz que elas acontecerão em 30 dias, conforme diz a Constituição, mas não divulgou data. A nova votação dependerá da capacidade técnica de organização do CNE, a autoridade eleitoral, mas a aposta dos analistas é que não deve demorar, já que o clima de comoção com a morte de Chávez favorece os governistas.
De acordo com a Carta, em caso de morte de um presidente eleito que não tomou posse, como era o caso de Chávez, é o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, e não o vice, quem deve ficar na Presidência interinamente.
O governo, no entanto, chancelado por decisão da principal corte do país em janeiro, segue a tese que diz que há "continuidade administrativa" entre os dois mandatos de Chávez e, portanto, não há por que o chefe do Legislativo assumir.
Enquanto deputados oposicionistas mais radicais, como Maria Corina Machado, e alguns constitucionalistas insistem que Cabello ocupe a Presidência interina, outra ala da oposição escolhe um caminho mais pragmático de acatar Maduro no cargo.
O raciocínio é que pouco vale estrilar já que o TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) é alinhado ao chavismo.
Para esses dirigentes, a oposição deve focar na preparação de sua candidatura presidencial. O provável nome é o governador de Miranda, Henrique Capriles.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Manobras constituição Venezuela |
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis