Em última missa antes do conclave, decano pede unidade na igreja
Na última missa antes do início do conclave que escolherá o próximo papa, o decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, fez nesta terça-feira (12) um pedido pela unidade da Igreja Católica.
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O apelo marcou a homilia encerrada há poucos instantes na Basílica de São Pedro, lotada de fiéis, e retransmitida por quatro telões instalados na Praça de São Pedro. "Cada um de nós deve colaborar para a unidade da Igreja", disse Sodano em sua homilia.
O cardeal tem 85 anos e não participa do conclave, mas é considerado um dos mais influentes na escolha do novo papa, num momento em que a Igreja enfrenta divisões e escândalos de pedofilia e corrupção.
Sodano pediu que o próximo pontífice promova a paz e a caridade e expressou gratidão ao papa emérito Bento 16, que renunciou em 11 de fevereiro dizendo-se sem condições físicas para continuar.
O cardeal chamou Bento 16 de "amado e venerado" e disse que ele fez um "pontificado brilhante". "Renovamos, neste momento, toda a nossa gratidão", disse.
O conclave começa nesta terça-feira com a Igreja dividida e sem um franco favorito. Entre os cardeais mais cotados para ser o novo papa, estão o italiano Angelo Scola, o brasileiro Odilo Scherer e o canadense Marc Ouellet.
CONCLAVE
A missa começou às 10h locais (6h em Brasília), com todos os cardeais presentes, incluindo os maiores de 80 anos, que não têm poder de voto. Após a cerimônia, os cardeais irão à residência de Santa Marta, onde estão hospedados desde às 6h (2h em Brasília) de hoje e ficarão até a escolha do novo papa.
Eles ficarão isolados, sem acesso a telefone, jornais e televisão. O número de votos de cada candidato nunca será anunciado oficialmente, mas costuma vazar após a eleição. Cerca de 90 funcionários do Vaticano que prestarão serviços de apoio, como médicos e cozinheiros, já fizeram juramento de sigilo.
Os quartos dos votantes foram selecionados por sorteio. Por volta das 16h15 (12h15 em Brasília), os 115 cardeais votantes se reunirão na capela Paulina e seguirão em procissão até a capela Sistina, onde entrarão por volta das 16h30 (12h30 em Brasília), e darão início ao conclave.
A previsão é que as votações comecem ainda nesta terça-feira. A expectativa é que o primeiro sufrágio seja feito até as 20h (16h em Brasília), quando as cédulas devem ser queimadas. Em caso de fumaça preta, ainda não houve decisão sobre o novo papa.
Se sair branca, os sinos da Basílica de São Pedro tocarão, em sinal de que o pontífice foi escolhido. Os últimos 15 conclaves levaram no mínimo dois dias. A primeira votação costuma servir como uma espécie de peneira para selecionar os candidatos que vão polarizar a disputa.
SEM FAVORITOS
A escolha do novo papa começa sem favoritos, a diferença de 2005, quando o então cardeal Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento 16, era considerado o principal candidato a sucessor de João Paulo 2º. Nos últimos dias, o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer são apontados como os postulantes mais fortes.
A imprensa italiana tem apresentado Scola como o cardeal que representa a ala reformista. Scherer é visto como o mais próximo à Cúria. Também aparecem nas listas de mais cotados o canadense Marc Oullet, os americanos Sean O'Malley e Timothy Dolan, o húngaro Peter Erdo e o italiano Gianfranco Ravasi.
O processo termina quando um dos concorrentes forma maioria de dois terços, ultrapassando 77 votos. Diante de um cenário incerto, a maioria dos vaticanistas não descarta a vitória de um azarão, a exemplo da eleição de João Paulo 2º, em 1978.
Entre as principais incógnitas deste ano, está a influência do papa emérito Bento 16, que continua recolhido na residência de Castel Gandolfo. Ele nomeou 67 dos 115 votantes e não declarou preferência por um candidato.
A escolha está marcada pelos escândalos de corrupção descobertos no caso Vatileaks, das acusações de pedofilia e de assédio sexual envolvendo integrantes da Igreja Católica. O novo pontífice deverá lidar com as denúncias e buscar punições aos considerados culpados.
Felipe Nadaes/Folhapress | ||
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