Parlamento dá voto de confiança a novo governo da Tunísia
O novo governo tunisiano dirigido pelo islamita Ali Larayedh recebeu nesta quarta-feira o voto de confiança dos deputados da Assembleia Nacional Constituinte.
O gabinete de coalizão conseguiu o apoio de 139 deputados, 30 votos a mais que a maioria absoluta necessária para a posse do governo.
Apenas 45 deputados votaram contra e 13 optaram pela abstenção. Vinte deputados estavam ausentes.
Ao final da votação, os deputados cantaram o hino nacional antes de entoar o canto "fiéis ao sangue dos mártires" da revolução de janeiro de 2011, que derrubou o regime de Zine El Abidine Ben Ali.
Fethi Belaid/AFP | ||
Ali Larayedh, novo premiê da Tunísia, discursa no Parlamento em sessão que votou pela aprovação de seu gabinete |
Pouco antes da votação, Ali Larayedh fez um breve discurso para responder às dezenas de intervenções de deputados desde terça-feira.
Ele reagiu pela primeira vez à imolação de um jovem vendedor ambulante, que ateou fogo ao corpo na terça-feira desesperado com as condições de vida. Ele morreu nesta quarta-feira em consequência dos ferimentos.
"É um incidente triste, espero que todos tenhamos compreendido a mensagem", declarou o chefe de governo.
Sua morte é muito simbólica em Túnis, já que a revolução de 2011, a primeira da Primavera Árabe, começou com a imolação de um vendedor ambulante esgotado com a miséria e a pressão policial.
A pobreza e o desemprego foram os motivadores da revolta que derrubou o regime de Zine El Abidine Ben Ali, mas dois anos depois a economia tunisiana continua em crise.
COALIZÃO
Ali Larayedh, do partido islâmico Ennahda, foi nomeado em 22 de fevereiro para formar um novo governo após a renúncia do primeiro-ministro Hamadi Jebali, que não conseguiu formar um gabinete composto por personalidades apolíticas, uma solução em resposta à crise desencadeada pela assassinato do opositor Chokri Belaid no dia 6 de fevereiro.
Mas a promessa dos islâmicos de formar uma ampla coalizão parecia estar severamente comprometida. Três partidos políticos que deveriam fazer parte do gabinete anunciaram nesta quinta-feira a sua retirada das negociações.
Os desacordos giram em torno da identidade dos ministros, apesar das concessões do Ennahda que concordou em confiar os cargos à independentes.
Mesmo se o Ennahda, com 89 assentos dos 217 na Assembleia Nacional Constituinte (ANC), conseguir a maioria de 109 deputados necessários para formar o governo, não será o suficiente para resolver definitivamente a crise.
Em verdade, para tirar o país do impasse, a ANC deve adotar, por uma maioria de dois terços, uma Constituição para preparar o caminho para novas eleições. No entanto, o Ennahda não encontrou, mesmo com seus aliados, um acordo sobre este texto.
O país também está desestabilizado pelo desemprego e a pobreza, fatores-chave que provocaram a revolução de 2011.
Além disso, a Tunísia luta para suprimir o surgimento de grupos islâmicos violentos, um dos quais, de acordo com as autoridades, teria orquestrado o assassinato de Chokri Belaid.
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