Católicos das Malvinas querem visita do papa argentino
"Se o papa vier à Argentina, deveria também vir aqui. Ele pode fazer muito para amenizar o conflito de seu país com o Reino Unido com relação às ilhas", disse à Folha o prefeito apostólico das Malvinas (Falklands), o britânico Michael Bernard McPartland, 73, após a missa em que os fiéis "kelpers" celebraram a nomeação do papa argentino, em Stanley.
"É ótimo que tenha sido escolhido um latino-americano, e tão rápido. Aqui não haverá nenhuma hostilidade, mas sim muita esperança", disse.
A missa foi celebrada na igreja de St. Mary's, a mesma que foi frequentada pelas tropas argentinas que ocuparam o arquipélago durante a Guerra das Malvinas, em 1982.
Na época, o líder da igreja, Daniel Spragen, acolhia os soldados, mas pedia que deixassem do lado de fora as armas. McPartland aponta que houve uma larga negociação com o Exército argentino para que as missas continuassem a ser celebradas em inglês. "Apesar disso, a igreja se manteve à parte do conflito, buscando receber a todos, como fazemos até hoje. Temos entre nossos fieis a comunidade de argentinos que vive aqui". Existem 29 argentinos, com cidadania britânica, no arquipélago.
"Estou muito feliz, é ótimo ter um novo papa. Em alguns meses, todos se esquecerão de que é de um lugar ou de outro. Um papa é um papa, é universal. Depois de um tempo, ninguém se lembrava que o anterior era alemão, não é mesmo?".
A Igreja Católica das ilhas Malvinas possui 300 fieis. McPartland também atua em outras ilhas do Atlântico Sul. "Um papa latino-americano pode fazer muito para que cresça nossa atividade na região. É o que eu espero."
Os "kelpers" acabam de realizar um referendo em que decidiram continuar sendo parte do território britânico. A votação tinha como principal intenção mandar um recado para o governo argentino, que voltou a aumentar o volume da reivindicação pela soberania das ilhas, que mantém desde 1833.
Depois de três dias de festa pró-britânica e anti-argentina, os "kelpers" receberam com surpresa o anúncio de um papa argentino. "Finalmente ganharam algo", disse o radialista Patrick Watts. "Espero que ele se pronuncie logo sobre as Falklands. O fato de ter sido escolhido na mesma semana que o nosso referendo é um bom sinal", completou.
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