Papa tem ligações antigas com o Brasil
A amizade com o arcebispo emérito de São Paulo, d. Cláudio Hummes, e a sua atuação marcante na Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em 2007, são os dois grandes vínculos do papa Francisco com o Brasil, segundo três cardeais ouvidos pela Folha.
A amizade com d. Cláudio ficou bastante evidente anteontem à noite, quando o papa Francisco o convidou a permanecer ao seu lado durante o primeiro pronunciamento do balcão da basílica de São Pedro. Foi o cardeal mais próximo do pontífice durante a cerimônia.
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"Vimos que o convite a d. Cláudio Hummes foi pessoal do papa", disse d. João Braz de Aviz. "Ele convidou d. Cláudio a estar do lado dele. Isso pra nós foi de uma beleza muito grande. É um sinalzinho bonito pra nós [brasileiros], pra gente se ajudar e se querer bem."
"São amigos, ligados, próximos, já participaram do outro conclave também [em 2005]", afirmou d. Odilo Scherer, que sucedeu d. Cláudio como arcebispo de São Paulo.
D. Cláudio Hummes não foi localizado ontem pela Folha.
D. Odilo recordou ainda que d. Cláudio é franciscano, ordem fundada por são Francisco de Assis (1182-1226), a quem o papa homenageou com a escolha do nome.
Já o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Raymundo Damasceno Assis, lembrou que Francisco esteve algumas vezes no Brasil para reuniões do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano).
"O papa Francisco sempre pautou a sua vida por uma certa discrição. Muito dedicado e voltado às suas responsabilidades como pastor da arquidiocese de Buenos Aires. Não era um homem de muita viagem", afirma.
A viagem mais importante de Francisco ao Brasil ocorreu em maio de 2007, quando ele esteve por 20 dias em Aparecida (SP) e presidiu a comissão responsável pelo documento final da 5ª Conferência Geral do Episcopado Brasileiro, evento do qual Bento 16 participou.
"O documento fala dos desafios que conhecemos: mundo pluricultural, plurirreligioso e marcado, na América Latina, por uma indiferença social muito grande", disse d. Damasceno. "Fala também dos grandes desafios da comunicação, de como anunciar o Evangelho."
Mas quem conhece o novo papa há mais tempo é o padre jesuíta João Roque Rohr, administrador em Roma do colégio Pio Brasileiro, onde moram estudantes religiosos brasileiros. Ele o conheceu pessoalmente em 1971, em Buenos Aires, e o reviu novamente em 1980, durante encontros da congregação.
Rohr conta que, em 1980, ele já era muito conhecido devido à sua carreira exemplar e liderança entre os jesuítas argentinos. Na época, o então padre Jorge Bergoglio costumava viajar ao Rio Grande do Sul para visitar parentes.
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Os cardeais brasileiros d. Odilo Scherer (à esq.) e d. Geraldo Majella Agnelo durante entrevista concedida em Roma |
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