Análise: "New York Post" escorrega, Twitter amadurece
Na segunda (15), Barack Obama não falou em terror e alertou contra "conclusões apressadas". Ontem, usou enfim a palavra, "o FBI está investigando como ato de terrorismo".
Ele ainda não sabe quem atacou nem por quê, mas parece ter concluído que não podia seguir contra a corrente, a começar da CNN, que já havia estabelecido ser "terror", ponto.
De qualquer maneira, a resistência às conclusões apressadas não foi só de Obama. O pai do menino de oito anos morto, por exemplo, soltou nota pedindo "paciência e privacidade".
E assim foi por quase toda parte, Twitter inclusive, com exceção do tabloide "New York Post", de Rupert Murdoch, que errou mais do que seria aceitável --e se aferrou aos erros.
Na segunda e na terça, insistiu serem 12 mortos, não os três da contagem oficial, e insistiu que um suspeito saudita estava sob guarda, apesar das seguidas negativas das autoridades.
Passou a ser ridicularizado do "Washington Post" ao paródico "The Onion". Mais importante: pelo Twitter, vários perfis questionaram e poucos reproduziram o "Post".
Na realidade, já anteontem, imediatamente após as explosões, um grande fluxo de tuítes aconselhava "evitar especulação" e notícias "não confirmadas", "cuidado ao retuitar" etc.
Apareceu até um "manual para tuitar em crises", com conselhos como "não te vergarás a tirar vantagem política" --como arriscou e depois recuou um colunista do "New York Times".
Apesar do tom bem-humorado, o manual trouxe conselhos bastante práticos, como "desligar seus feeds automáticos", que foi ecoado pelo chefe de mídia social da Ford.
Ao que parece, a origem da resistência geral às "conclusões apressadas" foi a experiência com duas crises recentes, também nos EUA, o massacre de Newtown e o furacão Sandy.
A cobertura do primeiro amontoou informações erradas. A do segundo, fotos falsificadas. Desta vez, imperaram os vídeos, que seriam menos propensos à manipulação.
Um vídeo em especial, da primeira explosão, tirado de um canal local e editado via aplicativo Vine, rodou por todo lado desde segunda --e ganhou ares de ser a imagem do ataque.
Uma imagem em movimento, não mais um instantâneo, e reproduzida via mídia social. Também uma imagem que se repete sem parar, eternamente, por seis segundos.
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