Israel diz que regime sírio usou armas químicas contra rebeldes
A Inteligência militar israelense afirmou na segunda-feira que o regime do ditador sírio Bashar Assad usou repetidamente armas químicas letais contra civis.
É um importante desenvolvimento no conflito sírio, e deve escalar a reação internacional contra o regime. Os EUA haviam insistido, no passado, que o uso de armas químicas significaria avançar uma linha vermelha --com consequências ao país árabe.
"O regime usou armas químicas letais em um muitas ocasiões", afirmou Itai Brun, chefe da divisão de pesquisa militar, durante uma conferência do Instituto Nacional de Estudos de Segurança.
Funcionários da Inteligência ocidental haviam alertado para o uso de armas químicas em 19 de março. Os governos britânico e francês comunicaram confidencialmente a ONU, na semana passada, ter evidências de ataques químicos em Aleppo, Homs e possivelmente Damasco.
Os EUA, no entanto, têm sido cautelosos e afirmam ser necessário confirmar se as armas químicas usadas são de fato letais.
A declaração israelense de ontem, porém, é clara quanto à letalidade do arsenal empregado pelo regime sírio. Brun diz que a conclusão segue a análise de imagens das áreas afetadas, incluindo o registro de civis sírios "espumando pela boca".
De acordo com a Inteligência, Israel crê que a Síria usou uma arma química baseada em gás sarin, cujo rol de efeitos adversos inclui a paralisia, a perda de consciência e a interrupção na respiração, sendo fatal.
É o mesmo gás usado no atentado ao metrô de Tóquio, em 1995, com 13 mortos. O número de mortos na Síria é incerto.
ESTOQUE
Israel estima que a Síria tenha mais de mil toneladas de armas químicas, além de milhares de bombas aéreas e mísseis que podem ser carregados com o estoque. De acordo com rastreamento de Inteligência, o arsenal está provavelmente distribuído em cerca de 17 locais.
Há temor, na comunidade internacional, de que o regime sírio use esses armamentos contra Israel como maneira de tragar o país inimigo ao conflito. Também se teme que os insurgentes, que tentam derrubar o ditador desde março de 2011, se apoderem do arsenal.
Segundo Brun, há o risco de as armas serem apropriadas por terroristas, "que não levam em conta os cálculos de custo-benefício" envolvidos no uso.
O conflito na Síria já deixou mais de 70 mil mortos, de acordo com as estimativas mais recentes da ONU. Milhões foram deslocados --centenas de milhares deles para a vizinha Jordânia, que enfrenta crise humanitária devido ao influxo insustentável.
"A resposta do mundo nessa questão reflete a mesma tendência de influência limitada e predisposição a não intervir", afirmou Brun.
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