Presidente russo nega comparações com ditador Stálin
O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou nesta quinta-feira as comparações com o ditador soviético Josef Stálin, negou haver perseguições políticas, mas disse que a Rússia precisa de ordem e disciplina.
Em um evento anual no qual responde a perguntas de cidadãos, com transmissão pela TV, um jornalista liberal citou várias sanções jurídicas a oponentes de Putin, e perguntou se não haveria elementos do stalinismo na forma como ele exerce o poder.
"Não vejo elementos do stalinismo aqui", disse. "O stalinismo está ligado ao culto à personalidade, a enormes violações legais, a repressões e campos de trabalho forçado. Não há nada assim na Rússia, e espero que nunca mais haja", respondeu Putin. "Mas isso não significa que não devamos ter ordem e disciplina."
Putin, ex-oficial da KGB, negou usar os tribunais para perseguir oponentes, o que era uma marca das três décadas de Stálin no poder na União Soviética, até a sua morte, em 1953. "Ninguém está colocando ninguém atrás das grades por suas opiniões políticas", disse.
Ria-Novosti/AFP | ||
O presidente russo, Vladimir Putin, diz na TV que não se considera stalinista |
No mesmo dia, no entanto, uma entidade cívica foi multada sob uma nova lei que limita influências estrangeiras, um ativista da oposição foi preso por causa de um protesto contra o governo, e outro está sendo julgado por fraude.
O ativista anticorrupção Alexei Navalny, possivelmente o principal oponente político de Putin na ausência de qualquer oposição parlamentar relevante, diz que seu julgamento por fraudar uma firma madeireira foi armado para silenciá-lo.
Sem citar Navalny pelo nome, mas claramente se referindo a ele, Putin disse: "Quem luta contra a corrupção precisa ser puro como cristal, se não tudo parece uma autopromoção e propaganda política".
Partidários de Navalny comparam seu julgamento ao do ex-magnata petroleiro Mikhail Khodorkovsky, que foi preso em 2005 por acusações de fraude e sonegação depois de se desentender com Putin. Ele continua na cadeia.
Nesta semana, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch disseram que o novo mandato de Putin, iniciado no ano passado, tem sido marcado por uma caça às bruxas conta dissidentes e pela maior repressão à sociedade civil desde a era soviética.
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