Novo premiê diz que Itália deve priorizar retomada do crescimento
O novo primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, disse nesta segunda-feira que a retomada do crescimento deve ser a prioridade do país nos próximos anos. O país enfrenta uma grave recessão política nos últimos anos, em especial pela alta dívida pública.
O discurso foi feito no Parlamento italiano, antes da votação em plenário de sua ratificação como chefe de governo, o chamado voto de confiança. Letta assumirá a Itália após conseguir uma coalizão entre seu grupo de centro-esquerda e a centro-direita, liderada por Silvio Berlusconi.
Giuseppe Lami/Efe | ||
Primeiro-ministro italiano, Enrico Letta se prepara para discurso no Parlamento antes de voto de confiança nesta segunda |
Durante o pronunciamento, o novo primeiro-ministro afirmou que pretende visitar Bruxelas, Paris e Berlim para discutir sobre a crise europeia. Ele disse que pretende defender medidas em prol do avanço econômico, assim como o governo socialista francês, em detrimento à austeridade defendida pelos alemães.
"Só com consolidação fiscal a Itália morre. Não podemos esperar mais tanto tempo por medidas de crescimento", disse, afirmando que a situação da economia italiana é séria após uma década de estagnação econômica.
"Não há mais tempo. Muitas famílias e cidadãos estão submetidos ao desespero e essa vulnerabilidade pode se transformar em raiva e conflito", afirmou, fazendo referência ao tiroteio em frente ao Palácio do Governo, em Roma, no domingo, que deixou dois policiais e uma mulher feridos.
Ele determinou um prazo de 18 meses para conseguir resultados da recuperação econômica italiana. Embora tenha defendido um crescimento maior, Letta disse que pretende manter os compromissos com as medidas de austeridade e a consolidação financeira pedida pelos órgãos econômicos europeus.
Para o italiano, a Europa sofre uma crise de legitimidade nos mercados e pediu maior integração da União Europeia, com mais união bancária e união política. "Faz falta ter mais Europa, porque o destino de todo o continente está unido".
Dentre as medidas políticas anunciadas por Letta, estão o fim do duplo salário para ministros que também são parlamentares, a abolição do financiamento público partidário e determinou o término da cobrança da taxa sobre as moradias, exigência de Berlusconi.
PERFIL
Enrico Letta, 46, foi o escolhido pelo presidente Giorgio Napolitano para tentar dar fim ao impasse político na Itália, que durava mais de dois meses. A crise política foi provocada pelos resultados da eleição parlamentar, em que nenhum partido teve a maioria.
O seu bloco político, a centro-esquerda, havia tentado formar um governo encabeçado pelo secretário-geral do Partido Democrático, Pier Luigi Bersani, mas não teve êxito em conseguir coalizão com a centro-direita de Berlusconi.
De origem toscana, Letta conta com uma boa experiência na gestão de um Executivo não só como ministro, mas também por ter sido subsecretário de Estado durante o governo de centro-esquerda de Romano Prodi (2006-2008).
De 2009 a 2013 foi subsecretário do maior grupo de esquerda do país, o PD, partido vencedor parcial das eleições legislativas do fim de fevereiro. É conhecido por sua prudência e por manter boas relações com todos os grupos políticos.
Sobrinho de Gianni Letta, o homem de confiança do magnata das comunicações Silvio Berlusconi, representa os setores católicos de seu partido, à beira da implosão por suas divisões após a vitória parcial nas eleições do fim de fevereiro.
Seu eventual governo deverá gozar do apoio do partido do magnata, que adiantou que o maior grupo de direita que lidera, o Povo da Liberdade, lhe concederá a confiança no Parlamento.
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