Análise: Primavera dos EUA ainda não atinge economia da Europa
A primavera chegou ao hemisfério norte, e com ela sinais de que a recuperação na economia dos Estados Unidos está florescendo. Em outras partes do mundo, o clima econômico continua invernal.
O crescimento da indústria chinesa desacelerou em abril, e os indicadores de alta na atividade econômica futura subiram menos do que os analistas esperavam. Austrália e Coreia do Sul registraram queda em seus embarques de exportações.
As notícias econômicas mais desanimadoras vieram, e não pela primeira vez, da zona do euro.
Ontem, Olli Rehn, o czar do orçamento da Comissão Europeia, anunciou que a economia da zona do euro encolherá em 0,4% em 2013, ante previsão de queda de 0,3% seis meses atrás.
Quando o conselho do Banco Central Europeu (BCE) se reuniu em Bratislava esta semana, tinha uma escolha óbvia a fazer. Com o desemprego atingindo os 12,1% em março e a inflação caindo a 1,2% anual em abril --abaixo da meta do banco central--, um relaxamento monetário era previsível.
A decisão de cortar os juros em 0,25 ponto percentual para 0,5% deveria ter sido tomada mais cedo. E corre o risco de não se provar efetiva. O mecanismo de transmissão nos países atingidos pela crise, a exemplo da Espanha e Itália, não está funcionando.
Os bancos não vão repassar os benefícios aos seus clientes em forma de empréstimos de custo mais baixo.
O fim da estrada monetária também pode estar chegando para o Reino Unido. Mark Carney, que assumirá a presidência do Banco da Inglaterra, esta semana reafirmou seu desejo de mudar a forma pela qual o banco central britânico comanda a economia, garantindo às instituições de empréstimos que os juros continuarão baixos até que as condições econômicas melhorem. Resolver os problemas dos bancos a fim de ajudar na recuperação é a lição que o Reino Unido e a zona do euro precisam aprender com os Estados Unidos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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