ONU informa que número de refugiados da Síria supera 1,5 milhão
O Alto Comissariado de Refugiados da ONU (Acnur, sigla em inglês) informou nesta sexta-feira que passou de 1,5 milhão o número de sírios que saíram do país devido ao confronto entre o regime de Bashar al-Assad e grupos rebeldes.
O anúncio é feito no mesmo dia em que o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, vai à Rússia para buscar apoio do presidente Vladimir Putin para uma nova rodada de negociações de paz, a fim de dar uma solução para crise política dos últimos dois anos.
Segundo a agência da ONU, o ritmo do êxodo se acelerou nos últimos quatro meses e cerca de 1 milhão de pessoas se registraram como refugiadas em acampamentos de países vizinhos desde janeiro. No entanto, o número deve ser bem maior, já que muitos atravessam a fronteira sem se registrar.
A maioria dos refugiados fugiu para os vizinhos Líbano e Jordânia, onde o Acnur disse que contabilizou 470.457 e 473.587 refugiados, respectivamente, nesta semana. No início desta semana, a Turquia informou que mais de 230 mil sírios estão no país.
Além dos três vizinhos, os maiores contingentes de sírios que fugiram do conflito armado em seu país podem ser encontrados no Iraque, no Egito e na Tunísia. De acordo com a entidade, o maior motivo para a fuga é o aumento da violência e a mudança constante de controle de cidades e aldeias.
A população da Síria é de 23 milhões de pessoas. Segundo a ONU, outros 4 milhões de sírios se deslocaram para regiões mais tranquilas dentro do país e também precisam de ajuda humanitária. O auxílio a esses refugiados é dificultado pela violência dentro do país, que forçou a saída de agentes da organização.
CHEFE DA ONU
O relatório é divulgado no mesmo dia em que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está em Sochi, em uma série de reuniões com integrantes do governo russo. Em entrevista coletiva, ele se disse confiante com a realização de uma conferência internacional sobre Síria, que deverá acontecer no início de junho.
O evento foi definido após reunião entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o presidente russo, Vladimir Putin, no início deste mês. Os dois países estão em polos opostos na crise síria, embora defendam uma transição política.
Ele agradeceu a Kerry e ao chanceler russo, Sergei Lavrov, por terem convocado o encontro de países e defendeu a rápida realização do evento. O chefe da ONU ainda pediu ao regime sírio que permita a entrada dos inspetores da organização para investigar as acusações de uso de armas químicas.
Já Lavrov defendeu a inclusão de países vizinhos da Síria, além do Irã e da Arábia Saudita nas discussões. Em outras ocasiões, o convite a Teerã frustrou outras conferências, já que os países ocidentais consideram que a República Islâmica influenciaria negativamente nas discussões.
Perguntado pelas provisões de armas russas ao regime de Bashar al Assad, Lavrov declarou não compreender a repercussão que a notícia causa nos meios de imprensa e afirmou que não pode quebrar os contratos militares assinados com os sírios na época da União Soviética.
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