Irã barra candidaturas de ex-presidente e de aliado de Ahmadinejad
O órgão ideológico que supervisiona eleições no Irã barrou a candidatura do ex-presidente centrista Ali Akbar Hashemi Rafsanjani para o pleito presidencial de 14 de junho.
A decisão contraria boa parte do eleitorado contrário à linha dura do regime e ameaça gerar tensões, já que a lista dos oito nomes é composta essencialmente de conservadores.
O Conselho de Guardiães da Revolução também vetou a candidatura do nacionalista Esfandiar Rahim Mashaee, que Mahmoud Ahmadinejad havia designado para sucedê-lo após oito anos na Presidência. Ahmadinejad não pode concorrer novamente devido à limitação legal de dois mandatos consecutivos.
O conselho formado por seis juristas e seis clérigos apontados pelo líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, não justificou o veto. Mas nos últimos dias alguns dos integrantes do órgão vinham insinuando que Rafsanjani, com 78 anos de idade, não tinha condições físicas para assumir o cargo.
Já Mashaee é detestado pela cúpula do regime por ser visto como o cérebro por trás da estratégia pela qual Ahmadinejad passou boa parte de seu segundo mandato desafiando a autoridade do líder supremo, detentor da palavra final nos assuntos de Estado.
Com a proibição de dois candidatos com agenda liberal e forte potencial de voto, o regime pavimenta o caminho para a eleição de um candidato leal à agenda conservadora do líder supremo.
Entre os favoritos estão o negociador chefe no dossiê nuclear, Saeed Jalili, o prefeito de Teerã, Mohamad Qalibaf, e o assessor de Khamenei para temas internacionais e ex-chanceler Ali Akbar Velayati.
Será a primeira eleição presidencial desde 2009, quando forças de segurança esmagaram um movimento popular contra a reeleição supostamente fraudulenta de Ahmadinejad. Desde então, o campo reformista, que tradicionalmente fazia oposição aos conservadores, foi marginalizado da vida pública.
Neste ano, 686 pessoas se inscreveram junto ao Conselho de Guardiães da Revolução, a maioria anônimos, já que a lei iraniana é, em tese, aberta a todo cidadão maior de 40 anos, iraniano nato, muçulmano xiita, com pós-graduação universitária e sem antecedentes criminais.
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