Três dias após ataque em Londres, criminoso esfaqueia soldado em Paris
Um soldado francês de 23 anos que patrulhava um distrito comercial a oeste de Paris foi esfaqueado no pescoço por um homem, neste sábado. O ataque parece ecoar o ocorrido nesta quarta-feira (22) no bairro de Woolwich, a sul de Londres, quando um militar foi esfaqueado à morte.
Diferentemente do britânico, o soldado francês estava uniformizado e acompanhado de mais dois homens. Ele foi, então, abordado por trás e atingido com uma faca ou estilete. O criminoso fugiu rapidamente da cena e está sendo procurado pela polícia
O crime aconteceu por volta das 18h locais (13h de Brasília) na frente da loja de discos e livros da Virgin situada no distrito de La Défense, onde estão os arranha-céus de algumas das maiores empresas da França.
Pierre-André Peyvel, chefe de polícia da área de Hauts-de-Seine, disse que o soldado perdeu muito sangue, mas sobreviverá.
A polícia descreve o agressor, que ainda não foi detido, como "um homem de aspecto norte-africano, de cerca de 30 anos", que usa barba, uma blusa negra e uma chilaba, túnica característica do Magreb, informou o site do jornal francês "Le Parisien".
Em Londres, um dos suspeitos de esfaquear o o soldado Lee Rigby foi flagrado evocando Alá e outras referências ao islã a testemunhas, logo após o crime. As imagens foram parar na TV. Esse suspeito e um suposto comparsa foram feridos a tiros pela polícia na cena do crime. Mais tarde, outras duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no episódio.
PRUDÊNCIA
Na cidade etíope de Addis Abeba, o presidente François Hollande disse que o criminoso está sendo perseguido e que o caso está sendo investigado e se recusou a fazer qualquer conexão com o ocorrido em Londres.
Também o ministro do Interior francês, Manuel Valls, pediu prudência antes de vincular os ataques de Londres e de Pa ris. "Há elementos, como a violência repentina do ataque, que poderiam permitir considerar que pode haver alguma comparação", disse o ministro.
O episódio de Londres é tratado pelo governo britânico como terrorista. Neste sábado, mais três pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no caso.
PROTESTO
Também neste sábado, centenas de integrantes do grupo de extrema-direita Liga da Defesa Inglesa (EDL) fizeram uma manifestação na cidade de Newcastle marcada por fortes medidas de segurança. A manifestação aconteceu às portas da catedral de St Mary com cânticos como "sou inglês até morrer" e buzinaços. A polícia disse que havia cerca de 1.500 presentes.
Os agentes monitoraram de perto o protesto, que havia sido convocado há meses, mas ocorreu poucos dias depois do brutal assassinato do soldado.
Antes da manifestação, a polícia informou sobre a detenção de três pessoas por terem postado mensagens no Twitter de conteúdo supostamente racista. Ao mesmo tempo em que o protesto da EDL ocorria, pessoas contrárias a essa organização realizaram uma passeata para expressar sua rejeição.
As duas manifestações terminaram com os grupos separados por apenas 90 metros de distância e fileiras de policiais antidistúrbios entre eles.
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