Coreias marcam reunião sobre complexo industrial em vila de trégua
A Coreia do Sul confirmou neste sábado que a reunião com a Coreia do Norte sobre a reabertura do complexo industrial conjunto de Kaesong será realizada em Panmunjon, vila de trégua que fica na fronteira entre os dois países.
O evento havia sido acertado na última quinta (6), após confirmação dos contatos entre a presidente do Sul, Park Geun-hye, com o regime de Kim Jong-un. Pyongyang queria que o encontro fosse em Kaesong, mas prevaleceu a proposta sul-coreana.
Pedro Carrilho /Folhapress | ||
Militares vigiam prédio de segurança de Panmunjon; local abrigará retomada de negociações entre Coreias do Sul e do Norte |
Segundo a agência de notícias Yonhap, a reunião será às 10h locais (22h de sábado em Brasília), em prédio administrativo da zona de segurança de Panmunjon, e será composto por três funcionários de cada país. O encontro será a primeira negociação após três meses de tensão na Península Coreana.
A instabilidade foi provocada por ameaças de ataque do regime de Kim Jong-un contra os sul-coreanos e os Estados Unidos. O tom ríspido foi uma resposta a sanções aprovadas na ONU contra o país comunista por causa de um teste nuclear em fevereiro.
Na sexta (7), foi religada a linha de comunicação da Cruz Vermelha, desligada em março. Outra linha, usada por militares, permanece desligada desde abril. O primeiro ponto a ser discutido será a volta das atividades no complexo industrial de Kaesong, fechado em abril após a retirada dos 53 mil operários norte-coreanos que atuavam na região.
Inagurada em 2004, a área industrial tem fábricas de 120 empresas sul-coreanas e rende cerca de US$ 480 milhões (R$ 1,01 bilhão) por ano aos norte-coreanos, uma das poucas fontes de recursos para o regime de Kim Jong-un.
REUNIÃO MINISTERIAL
A Coreia do Sul também propôs a realização de outra reunião, desta vez em nível ministerial, na próxima quinta (12), em Seul, para discutir outras questões. Dentre elas, a retomada da cooperação comercial e a volta das visitas das famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953), interrompidas em 2010.
A proposta de Pyongyang e a resposta de Seul abrem o caminho para a retomada do diálogo entre as Coreias. As últimas discussões de trabalho aconteceram em fevereiro de 2011 e a última reunião interministerial em 2007.
A volta das negociações acontece na véspera de uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Xi Jinping. Pequim é o único grande aliado de Pyongyang e mostrou irritação com o tom belicista usado nas últimas semanas pelo regime de Kim Jong-un.
Apesar do diálogo, analistas sul-coreanos pediram prudência, ao destacar que o conteúdo e o calendário das negociações incluem divergências profundas. Dentre elas, o fim do programa nuclear norte-coreano, do qual Pyongyang diz não querer abrir mão.
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