EUA rebaixam posição de China e Rússia por tráfico humano
O governo americano rebaixou China, Rússia e Uzbequistão, nesta quarta-feira, pela falta de esforços no combate ao tráfico humano, em um relatório que pode levar a sanções dos Estados Unidos.
A posição foi divulgada último relatório anual do Departamento de Estado sobre tráfico humano. Depois de receberem "waivers" (concessões) por promessas de que implementariam melhorias, esses três países ficaram por anos em uma lista de vigilância dos Estados Unidos. Agora, a situação mudou.
Já Azerbaijão, Congo e Iraque foram elevados da lista de vigilância para o status Nível 2, como uma recompensa pelo que as autoridades americanas chamaram de "movimento real" na luta contra o tráfico humano e a escravidão.
De acordo com os Estados Unidos, cerca de 27 milhões de pessoas permanecem escravizadas em todo o mundo.
O relatório de 2013 revelou que "o tráfico é acentuado na população migrante interna da China" e que "o trabalho forçado continua a ser um problema, incluindo fornos de olaria, minas de carvão e fábricas".
A Política do Filho Único resultou em uma "distorcida relação de gênero de 118 meninos para cada 100 garotas na China, que serviu de fonte-chave de demanda para o tráfico de mulheres estrangeiras como noivas para os homens chineses e para prostituição forçada".
O relatório insiste em que Pequim falhou em "demonstrar esforços significativos para proibir de forma ampla e punir todas as formas de tráfico".
De acordo com o representante Chris Smith, autor de legislação nesta área, a China se tornou "a capital mundial do tráfico sexual e de trabalho forçado".
"Mulheres e jovens foram --e estão sendo hoje-- reduzidos a mercadorias e forçados à prostituição", acrescentou Smith em uma nota.
Já o Uzbequistão reduziu o número de crianças abaixo dos 15 anos forçadas a trabalhar nos plantios de algodão, mas "continua a submeter crianças maiores e trabalhadores adultos a trabalho forçado na lavoura", informa o documento.
Na Rússia, um milhão de pessoas "são expostas a condições de trabalho 'de exploração', características de casos de tráfico, como o confisco de documentos, não remuneração, abuso físico, ou condições de vida extremamente precárias".
Em setembro, o presidente Barack Obama determinará se alguma sanção será imposta a esses três países.
Esse movimento também funciona como um alerta para outras nações na Lista de Vigilância, para que melhorem seus esforços. Caso contrário, podem ser rebaixados no próximo ano.
Esse é o caso de Afeganistão, Barbados, Chade, Malásia, Maldivas e Tailândia, que não poderão mais ser beneficiados com "waivers", e agora enfrentarão a promoção ou o rebaixamento.
O relatório também sinaliza para as organizações de direitos humanos que considerações geopolíticas não impedem que aliados-chave dos Estados Unidos sejam rebaixados.
Além dos 188 países que constam no relatório, o Departamento de Estado rebaixou mais 18, colocando-os entre 44 nações na Lista de Vigilância. Apenas Madagascar subiu para o Nível 3.
Mesmo que mais países tenham caído do que melhorado de posição no ranking, CdeBaca apontou alguns progressos, como "um aumento de 20% nas condenações no mundo todo" e um aumento de 10% no número de vítimas de tráfico que foram encontradas.
A Armênia subiu para Nível 1, enquanto Croácia, Lituânia, Mauritânia e Geórgia perderam seu status top, ficando no Nível 2.
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