Agravamento da crise síria alarma vizinhos libaneses e iraquianos
O presidente do Líbano, Michel Suleiman, pediu ao grupo radical xiita libanês Hizbullah que retire seus combatentes da Síria, argumentando que qualquer outra intervenção na guerra civil de seu vizinho alimentaria a instabilidade libanesa.
Militantes do Hizbullah lideraram a reconquista da cidade fronteiriça estratégica de Qusair há duas semanas por forças leais ao ditador sírio, Bashar al-Assad, que agora parece se preparar para uma ofensiva no norte da cidade de Aleppo, a mais populosa cidade síria.
"Se eles participarem de uma batalha em Aleppo e mais combatentes do Hizbullah forem mortos, isso levará a mais tensão", disse Suleiman ao jornal libanês As-Safir, em entrevista ontem.
"Isso deve acabar em Qusair e [o Hizbullah] deve voltar para casa", seguiu.
A intervenção do Hizbullah contra os rebeldes sírios, majoritariamente sunitas, tem alimentado a complexa disputa sectária no Líbano.
Combates entre alauítas (aliados dos xiitas) pró-Assad e sunitas pró-rebeldes sírios já deixou dezenas de mortos na cidade libanesa de Trípoli, no norte do país.
Suleiman também advertiu seus apoiadores sobre o envolvimento na guerra civil vizinha. "Disse [ao presidente dos EUA Barack Obama]: estamos preocupados com a intervenção de todas as facções libanesas na Síria."
Após dois anos de conflito na Síria, que já matou mais de 93.000 pessoas, a crise no país ameaça arrastar outros vizinhos, como o Iraque.
"O Iraque está na situação mais difícil em meio a essa agitação regional. O conflito na Síria se tornou um conflito regional sob qualquer ângulo", disse o chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, à agência Reuters.
"Nós estamos fazendo o nosso melhor para manter uma posição neutra, mas as pressões são enormes e por quanto tempo podemos sustentá-la realmente depende do desenrolar na Síria daqui para frente", seguiu.
PROMESSA RUSSA
Em meio ao nervosismo regional, o chanceler russo,Serguei Lavrov, disse ontem à TV estatal local que a Rússia irá honrar o contrato de entrega de mísseis S-300 para a Síria.
Essa venda tem sido alvo de controvérsia, com pressão internacional para que o país interrompa a transação.
Os avançados mísseis S-300, de superfície contra alvos aéreos, não devem alterar o equilíbrio de poder, mas poderão dificultar futuras intervenções externas no país, como as supostamente realizadas por Israel.
"Respeitamos todos os nossos contratos e estamos honrando todas as nossas obrigações contratuais", afirmou Lavrov em entrevista.
A Rússia, com base naval na Síria, é um dos aliados do regime Assad.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis