Assange diz que Snowden está a salvo e a caminho do Equador
O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, disse nesta segunda-feira que Edward Snowden está a salvo e a caminho do Equador. O técnico de informática divulgou o esquema de monitoramento de dados telefônicos e eletrônicos feito pelos Estados Unidos.
O delator está foragido desde sábado (22), quando os Estados Unidos pediram sua extradição para que ele seja processado pelo vazamento das informações da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês). Segundo o WikiLeaks, Snowden saiu no domingo (23) de Hong Kong com destino a Moscou.
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Assange disse que o delator hoje está a caminho do país sul-americano, para o qual pediu asilo diplomático. Mais cedo, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse que avalia o pedido.
O fundador do WikiLeaks não dá detalhes sobre a rota, que disse ser segura. "Por causa das ameaças belicistas vindas do governo dos Estados Unidos não podemos dar mais detalhes neste momento".
Assange informou que o delator saiu de Hong Kong após o Equador lhe conceder o documento de viagem para refugiados, que substitui o passaporte em caso de asilo político. O Equador ainda não confirmou a informação.
Para o fundador do WikiLeaks, Snowden está salvo e bem de saúde. O técnico de informática é assessorado por advogados ligados ao WikiLeaks, dentre eles o ex-juiz espanhol Baltazar Garzón.
Mais cedo, a agência de notícias russa Interfax informou que Snowden sairia do país em um voo comercial da Aeroflot de Moscou para Havana, em Cuba, de onde partiria para o Equador. No entanto, jornalistas negaram que o delator esteja no voo.
Pouco depois, a agência disse que ele saiu do país, mas com destino ainda desconhecido. O equatoriano Ricardo Patiño se negou a comentar sobre o paradeiro de Snowden. No domingo (23), o WikiLeaks afirmou que ele deveria ir para a capital cubana para continuar a tramitação do asilo.
O delator chegou a Moscou na noite de domingo (23), vindo de Hong Kong, onde estava desde 20 de maio. Ele saiu do território chinês um dia depois de os Estados Unidos pedirem sua extradição para que seja processado por três acusações de espionagem e roubo da propriedade federal, que podem lhe render até 30 anos de prisão.
RÚSSIA
Embora a imprensa russa e o WikiLeaks tenham informado sobre a presença de Snowden em Moscou, o Kremlin mantém o silêncio. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, se recusou a comentar os pedidos do governo americano à Rússia para a extradição do informante.
O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou não saber quais são os planos de viagem do técnico de informática. Ele disse ainda que ficaria "profundamente preocupado" se souber que Pequim e Moscou tinham informações sobre as movimentações do delator.
Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
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