Alemanha diz que espionagem dos EUA pode afetar acordo com UE
A Alemanha afirmou nesta segunda-feira que investiga a acusação de espionagem de dados de internet e ligações telefônicas de países da União Europeia feita pelos Estados Unidos. Para Berlim, será inaceitável a atuação americana se o monitoramento for confirmado.
A denúncia foi revelada no fim de semana pela revista alemã "Der Spiegel", a partir de informações obtidas pelo técnico de informática Edward Snowden. Ele também revelou o monitoramento de dados de internet e de milhões de telefones americanos feitos pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).
As revelações aumentaram o mal estar entre os países europeus e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Nesta segunda-feira, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que o comportamento americano prejudicará a criação de uma nova área de livre comércio entre as duas regiões.
Ele comparou a situação ao período da Guerra Fria, em que países dos blocos capitalista e comunista tinham redes de espionagem ativas. "Europa e Estados Unidos são sócios, amigos, aliados. A confiança tem que ser a base de nossa cooperação e deve ser restabelecida neste campo. Isto não é mais a Guerra Fria".
O representante de Berlim pediu esclarecimentos completos a Washington para evitar que sejam prejudicadas as relações diplomáticas, em tom com a solicitação feita pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, no domingo (30).
Segundo fontes questionadas pela agência de notícias France Presse, a confirmação do monitoramento quebra a confiança da União Europeia nos Estados Unidos, o que terá consequências políticas.
KERRY
Nesta segunda-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, minimizou as denúncias publicadas pela "Der Spiegel" e disse que não é incomum buscar informações sobre outros países. Ele prometeu à chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, investigar o monitoramento para verificar se houve abuso.
"Posso dizer que todos os países do mundo fazem diversas atividades para proteger a segurança nacional e ter todo o tipo de informação ajuda para que se alcance este objetivo. Mas não farei novos comentários até ter conhecimento de tudo o que aconteceu".
A tensão deste fim de semana começou após a revista alemã "Der Spiegel" afirmar que a NSA teve acesso a conteúdos de conversas confidenciais como e-mails e arquivos de computadores da representação da UE em Washington.
Para executar as atividades de espionagem, microfones teriam sido instalados no edifício e a agência teria acessado sua rede de informática. Medidas semelhantes teriam sido tomadas contra a missão da UE às Nações Unidas em Nova York.
O semanário alemão afirmou ainda que o monitoramento dos EUA era mais intenso em relação à Alemanha. Cerca de 500 milhões de conexões de comunicação do país eram monitoradas a cada mês. Também teriam sido feitas escutas na sede principal do Conselho da UE e no quartel-general da Otan, em Bruxelas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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