Deputado russo diz que Venezuela seria melhor opção para Snowden
O chefe do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento russo, Alexei Pushkov, disse neste sábado que a Venezuela seria a melhor opção para o técnico de informática Edward Snowden, responsável por revelar informações sobre o esquema de espionagem de telefones e internet feito pelos Estados Unidos.
Snowden está desde 23 de junho na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, e pediu asilo diplomático a 27 países, dentre eles o Brasil. Sua extradição é pedida por Washington que o acusam de roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão.
Na sexta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que poderia conceder o asilo ao delator dos Estados Unidos, em meio a uma crise diplomática entre os países latino-americanos e europeus após o avião do boliviano Evo Morales ser barrado em quatro países pela suspeita de que Snowden estivesse a bordo.
Em mensagem no microblog Twitter, Pushkov defendeu a escolha pela Venezuela devido à "relação tensa com os Estados Unidos". "Pior não seria [para os americanos]. Ele não vai ficar morando em Sheremetyevo", disse o deputado, que na terça (2) chamou o informante de "defensor dos direitos humanos".
O asilo foi concedido pela Venezuela após Maduro pedir na última terça (2) ao mundo que proteja o delator e todos aqueles "que se atrevem a dizer as verdades sobre as tentativas do império americano de controlar o mundo". A Nicarágua também confirmou que poderia fornecer asilo, "se as circunstâncias permitirem".
Tanto a Venezuela como a Nicarágua mantêm estreitas relações com a Rússia e, de fato, são praticamente os únicos países que reconheceram a independência das regiões separatistas da Geórgia, Ossétia do Sul e Abkházia.
CRISE DIPLOMÁTICA
A aprovação do asilo por Venezuela e Nicarágua acontece em meio à tensão diplomática criada após o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, ser barrado em Portugal, Espanha, Itália e França pela suspeita de que Snowden estivesse a bordo.
Morales, que voltava de Moscou para La Paz, foi obrigado a fazer uma escala de 13 horas em Viena, na Áustria. Na sexta (5), a Espanha admitiu ter recebido informações de que o delator estava na aeronave e disse que não tinha motivos para perdoar o boliviano. Eles não disseram de onde veio a suspeita.
Após o incidente, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) aprovou uma nota de repúdio e abriu uma comissão para investigar o incidente, em documento assinado por Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, Suriname e Uruguai.
Os seis países também ameaçaram cortar relações com países europeus e com os Estados Unidos. Um dia após a divulgação da declaração, Maduro e Ortega anunciaram a aprovação do asilo ao informante.
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