Clérigo radical é extraditado e acusado por terrorismo na Jordânia
Após uma longa disputa judicial no Reino Unido, o clérigo radical Abu Qatada foi extraditado neste domingo para a Jordânia, onde foi acusado de terrorismo. Ele é suspeito de envolvimento em dois atentados no país em 1999 e 2000.
A volta do clérigo acontece após 12 anos de disputa judicial entre o religioso e o governo britânico, que o prendeu preventivamente diversas vezes. Ele pediu asilo ao Reino Unido desde 1993, alegando ter sido torturado pelo governo jordaniano, o que complicou o pedido de extradição.
Sargento Ralph Merry Abipp Raf/Mod Crown/AFP | ||
Clérigo radical Abu Qatada espera na base aérea de Northolt, em Londres, para ir à Jordânia, para onde foi extraditado |
Ele deixou Londres por volta da 1h45 local (21h45 de sábado em Brasília) em um avião militar britânico, escoltados por militares do Reino Unido e da Jordânia. A extradição foi comemorada pelo governo britânico, em especial a ministra do Interior, Theresa May, responsável pelo processo judicial.
Para May, a extradição do clérigo "foi fruto dos esforços e da determinação do governo de vencer o processo em todas as vias legais". No Twitter, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, mostrou sua satisfação e lembrou que esta foi uma das prioridades do governo.
Em Amã, capital da Jordânia, ele era esperado por familiares e seguidores religiosos. Em seguida, foi ao tribunal da cidade, onde foi acusado de terrorismo. Ele negou as acusações.
A extradição só foi possível após um acordo entre o Parlamento britânico e a Jordânia, ratificado em junto. O documento garante que o clérigo terá um julgamento justo no país, um dos motivos pelos quais sua extradição foi postergada.
A falta de garantias do governo jordaniano fez com que o Reino Unido o mantivesse em prisão preventiva, mas sem ter uma acusação formal, embora o considerasse uma ameaça à segurança nacional.
De origem jordaniana, Abu Qatada, cujo nome verdadeiro é Omar Mohamed Othman, enfrentará um novo julgamento por envolvimento em dois ataques terroristas no país, em 1999 e 2000. Refugiado britânico desde 1993, o religioso e o Reino Unido travam uma briga judicial desde 2001.
O clérigo radical deve ser julgado na Jordânia por seu envolvimento em atentados contra a Escola americana e o Hotel Jerusalém, na capital Amã, pelos quais foi condenado à revelia. Em 1993, emigrou ao Reino Unido e conseguiu o estatuto de refugiado político, o que dificulta sua saída do país.
Em 2002, foi preso pela primeira vez, baseado na lei antiterrorista britânica e desde então passou longos períodos na cadeia.
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