Notório ativista de direitos humanos, advogado chinês é preso em Pequim
O advogado Xu Zhiyong, um dos mais conhecidos ativistas de direitos humanos da China, foi detido pela polícia de Pequim, em meio ao mais recente cerco a críticos do governo.
Segundo colegas de Xu, ele foi detido em sua casa na capital, onde cumpria prisão domiciliar há mais de três meses por articular campanhas contra a corrupção de membros do Partido Comunista e pela libertação de presos políticos.
A ordem de detenção policial entregue à mulher de Xu acusa o advogado de "convocar pessoas para perturbar a ordem pública". Grupos de direitos humanos afirmam que dezenas de outros ativistas foram presos nos últimos meses, incluindo vários da organização de Xu, Iniciativa por um Constituição Aberta.
Crítico contumaz da falta de transparência do governo, Xu era o membro mais proeminente de um movimento que defende as liberdades civis, em cumprimento à Constituição chinesa.
Em 2009, a organização fundada pelo advogado, também conhecida como Gongmeng, foi fechada sob a alegação de evasão fiscal. Xu foi detido várias vezes desde então, porém jamais levado a julgamento.
Numa carta aberta publicada em maio, Xu exortou o governo a libertar dez ativistas presos por organizar manifestações anticorrupção, que pediam a divulgação do patrimônio de autoridades.
O advogado de Xu, Wang Weiguo, rejeitou ontem as acusações que levaram à nova detenção, afirmando que o ativista nem poderia perturbar a ordem pública. já que estava em prisão domiciliar.
"Xu sempre foi um cidadão moderado. que nunca pregou a violência", disse. "Ele só exerceu o direito à liberdade de expressão como um cidadão qualquer".
Teng Biao, também advogado especializado em direitos humanos e amigo de Xu, disse que ao menos dez pessoas foram detidas só em Pequim recentemente por atividades ligadas à Gongmeng, além de outras em diferentes províncias do país.
O cerco aos ativistas coloca em dúvida a seriedade da campanha contra a corrupção lançada como uma das prioridades do governo do presidente Xi Jinping, que tomou posse em março.
"Quando dizem o mesmo que Xi Jinping, os ativistas são punidos", comentou Maya Wang, especialista em Ásia da organização americana Human Rights Watch.
"A repressão do governo não apenas coloca em xeque a retórica de Xi, também mina a legitimidade do governo".
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