China culpa homem-bomba por explosão ocorrida em aeroporto
Um homem em uma cadeira de rodas ficou ferido neste sábado ao detonar um explosivo caseiro no setor de chegadas do aeroporto internacional de Pequim. Ele foi identificado pela emissora estatal CCTV como Ji Zhongxing, 34, da província de Shandong (leste).
A explosão teria sido um ato de protesto contra violência policial sofrida por ele em 2005, conforme informações divulgadas nas redes sociais chinesas.
Ji foi atendido por uma equipe médica no aeroporto e em seguida levado a um hospital. A imprensa estatal não informou detalhes sobre seu estado de saúde, mas afirmou que ele foi o único ferido na explosão.
Imagens divulgadas no microblog Weibo (versão chinesa do Twitter) mostram o homem erguendo um pacote branco, que continha pólvora coletada de fogos de artifício, pouco antes de detonar o explosivo.
Outras fotos mostram o momento da explosão e o terminal do aeroporto tomado por fumaça, em meio à correria de passageiros.
Logo depois, Ji aparece caído ao lado da cadeira de rodas, cercado por policiais e médicos. A explosão ocorreu por volta de 18h20 de sábado (7h20 no horário de Brasília) no terminal 3, uma parte nova do aeroporto inaugurada pouco antes dos Jogos Olímpicos de Pequim.
O incidente não provocou atrasos em voos e o terminal voltou a operar normalmente logo em seguida, de acordo com a mídia oficial.
A agência de notícias estatal Xinhua afirmou que Ji distribuíra panfletos de protestos antes no aeroporto antes da explosão.
Em sua conta no Twitter, o usuário Yifan Zhang, que se identifica como "ex-jornalista", cita uma carta de autoria do autor da explosão em que ele conta o incidente que motivou o protesto.
Na carta, Ji afirma ter ficado paralítico ao ser agredido por seguranças em 2005, quando trabalhava sem licença como motorista de "tuk-tuk" (triciclo motorizado para o transporte de passageiros).
Ji teria buscado justiça apresentando uma petição ao governo de Pequim, no sistema milenar que permite aos cidadãos chineses recorrerem ao poder central para resolver seus problemas.
Mas segundo uma passagem de seu blog reproduzida por Yifan no Twitter, Ji entrou na estatística dos milhares de peticionários cujas reclamações são ignoradas pelas autoridades. "Quase sem esperança, o caminho da petição não tem fim", teria escrito Ji.
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