Porta-voz de ministro iraniano é criticado por parabenizar família real britânica
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, está sob intenso ataque dos setores ultraconservadores do regime por ter parabenizado a família real britânica pelo nascimento do príncipe George Alexandre Louis.
Na terça-feira, Araghchi disse em sua conferência de imprensa semanal que o Irã "felicita sua majestade a rainha da Inglaterra e o príncipe herdeiro" pela chegada do bebê real, na véspera.
A declaração ecoa sinais de reaproximação bilateral após a eleição do pragmático Hasan Rowhani à Presidência do Irã, em junho.
Relações estão congeladas desde 2011, quando militantes pró-regime invadiram a embaixada britânica em Teerã em represália à adoção por Londres de novas sanções contra o programa
nuclear do Irã.
Mas três deputados ligados à ala linha dura do Irã manifestaram, em entrevista ao jornal "Mashregh", duras críticas contra Araghchi, considerado um dos mais quadros mais competentes da diplomacia iraniana.
"Foi um erro. Não havia necessidade de se pronunciar sobre o caso (...). Não foi digno do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da República Islâmica do Irã", disse Kazem Jalali, membro da comissão de Segurança Nacional do parlamento unicameral de Teerã.
Outro deputado, Karimi Ghadousi, afirmou que os iranianos ainda estão "irritados com a sombria história colonial" britânica. Ele se referia ocupação do Irã pelo Reino Unido no século 20 e ao golpe de Estado anglo-americano que derrubou um premiê iraniano democraticamente eleito, em 1953.
"Como pode o porta-voz da chancelaria se posicionar sobre um evento tão reacionário [como o nascimento do bebê real]", indagou.
Já Alaeddin Borujerdi, presidente da comissão, também criticou Araghchi e disse que as relações só serão normalizadas se os britânicos "mudarem suas políticas".
A posição dos três deputados, apoiada por jornais conservadores, contraria sinais apaziguadores iniciados com a promessa de Rowhani de buscar uma "política externa de moderação" e melhorar a relação com a Europa.
Rowhani convidou o Reino Unido e demais países da União Europeia a enviarem delegações à sua posse, em agosto. Mas os membros do bloco concordaram em ser representados apenas por seus embaixadores em Teerã. Sem corpo diplomático no Irã, britânicos não estarão presentes no evento.
Apesar do ceticismo europeu, o chanceler britânico, William Hague, disse que Londres estava disposta a "agir com boa vontade" em relação ao Irã e deixou a porta para a participação
iraniana em eventuais negociações para pôr fim à guerra na Síria, onde Teerã e o Ocidente apoiam lados opostos.
O Reino Unido também levantou sua recomendação oficial para que cidadãos britânicos não viajem à república islâmica.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
![Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress](http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/17177107.jpeg)
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis