Após ameaça, EUA e Reino Unido esvaziam embaixadas no Iêmen
Os Estados Unidos pediram nesta terça-feira que seus cidadãos deixem o Iêmen imediatamente, diante de uma grave ameaça terrorista nesse país. Minutos depois, o Reino Unido fez a retirada de todos os funcionários da embaixada na capital Sanaa.
O pedido vem na sequência do fechamento das embaixadas americanas no Oriente Médio, motivado por mensagens interceptadas entre a liderança da rede terrorista Al Qaeda e de sua violenta franquia iemenita, a Al Qaeda na Península Arábica.
De acordo com a mídia americana, a comunicação entre Ayman al-Zawahiri, chefe da rede terrorista, dava conta de planos de um grande atentado nessa região. Para facilitar a retirada, enviou dois aviões a Sanaa para levar os americanos que queiram deixar o país.
O governo americano não confirmou que órgão obteve as mensagens dos membros da rede terrorista, mas membros do Pentágono descartam que as comunicações tenham sido obtidas pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).
A agência ficou conhecida após o ex-prestador de serviços Edward Snowden revelar detalhes sobre o esquema de espionagem de dados de telefones e internet, descoberto em junho. Na época, Washington afirmou que as ferramentas, que devassaram milhões de dados de usuários, foram usadas no combate ao terrorismo.
O comunicado do Departamento de Estado dos EUA pede "aos cidadãos americanos que não viajem para o Iêmen e aos que vivem ali que deixem imediatamente o país", pois o nível da ameaça ali é "extremamente alto".
Em seguida, o Reino Unido esvaziou sua embaixada temporariamente. No fim de semana, os dois países fecharam diversas representações no Oriente Médio, em algumas partes da África e da Ásia após a descoberta da ameaça.
À Folha Rajeh Badi, assessor presidencial do Iêmen, confirmou haver infomação de inteligência a respeito de um ataque no país coincidindo com o fim do mês sagrado de Ramadã, entre quinta e sexta-feira.
O sentimento anti-americano tem crescido nos últimos anos no Iêmen, conforme o país é palco da estratégia de guerra ao terror, com dano colateral entre civis.
DRONE
Mais cedo, quatro suspeitos de fazer parte da Al Qaeda foram mortos no país por um ataque americano com um drone (avião não tripulado), de acordo com fontes tribais. O incidente ocorreu na Província de Marib, ao leste.
Entre as vítimas estava Saleh al-Tays al-Waeli, que anteontem tivera seu nome divulgado pelo governo iemenita como um dos responsáveis pelos planos de um futuro ataque terrorista ali.
É o quarto ataque de drone no Iêmen desde 28 de julho, na intensificação da estratégia americana. Durante uma semana, ao menos 17 suspeitos foram mortos.
Horas depois, foi a vez de tribos vinculadas à Al Qaeda abaterem um helicóptero do Exército iemenita na mesma Província, deixando pelo menos seis soldados mortos.
De acordo com a rede ABC News, a Al Qaeda na Península Arábica desenvolveu uma nova geração de explosivo líquido que poderia ser usado em ataques futuros. Quando aplicado em roupas e seco, esse material seria indetectável pelos procedimentos atuais de segurança.
Diante da situação volátil, o Departamento de Estado americano afirma que 19 de suas sedes diplomáticas, entre elas as de Jordânia e Egito, irão permanecer fechadas até sábado. No Afeganistão e no Iraque, o funcionamento dos escritórios segue regular.
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