Novo líder paraguaio recebe aval do Brasil
O empresário Horacio Cartes, 57, assume hoje a presidência do Paraguai com a tarefa de retornar ao Mercosul sem que o movimento seja visto pelo público interno como submissão aos vizinhos.
Cartes pretende deixar à parte o atrito político causado pela suspensão paraguaia do bloco --decidida após o impeachment-relâmpago de Fernando Lugo, em junho de 2012-- e aposta na imagem de homem de negócios bem sucedido para atrair empresários estrangeiros.
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O foco está no Brasil, principal parceiro comercial do Paraguai. O comércio bilateral cresceu 26% nos primeiros sete meses do ano, em relação a 2012, e a estimativa de crescimento de 13% da economia este ano anima as companhias brasileiras.
Disposta a demonstrar o interesse brasileiro em melhorar o diálogo, a presidente Dilma Rousseff antecipou o voo a Assunção para se encontrar com Cartes na noite de ontem, antes da posse.
Dilma se reuniu com o presidente eleito por cerca de 40 minutos. Depois, aos jornalistas, disse que as relações com o Paraguai vão dar um "salto qualitativo" com a presença de Horacio Cartes no governo paraguaio.
Ela não respondeu sobre a previsão de retorno do Paraguai ao Mercosul, mas destacou a importância para o país de voltar ao bloco. "Para o Mercosul, a vinda do Paraguai é muito importante, e também acredito que, para o Paraguai, também é importante a volta ao Mercosul".
Dilma citou como exemplo o projeto da construção da linha de transmissão de energia que ligará a usina binacional de Itaipu a uma estação próxima a Assunção --desenvolvida com dinheiro do Focem (fundo para desenvolvimento do Mercosul).
"O Focem emprestou para o Paraguai US$ 550 milhões para construir a linha que assegura a absorção pelo Paraguai da energia elétrica de Itaipu", disse. O valor citado por Dilma é, na verdade, o total da obra. O montante bancado pelo fundo foi de US$ 400 milhões, segundo documento do próprio Focem.
Além de Dilma, José Mujica (Uruguai) e Cristina Kirchner (Argentina) participarão da posse e tinham agendado encontros com Cartes.
Será a primeira vez que Cartes estará ao lado dos presidentes que suspenderam o Paraguai do Mercosul. A punição termina hoje, mas é pouco provável que Cartes queira se juntar novamente ao bloco antes de dezembro, quando termina a presidência temporária da Venezuela, integrada ao Mercosul à revelia de Assunção.
CAFÉ COM EMPRESÁRIOS
Cartes agendou para amanhã um café da manhã com empresários, entre eles representantes da Petrobras, Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Itaú. Para as empreiteiras, em especial, há projetos atrativos, como a construção da segunda ponte em Foz do Iguaçu e de uma rodovia que ligará Assunção a Foz.
Magnata do cigarro, ele é o homem mais rico do Paraguai e tenta se descolar de antigas acusações de contrabando e ligação com o narcotráfico.
Só a Fiesp reuniu uma delegação com oito empresas para o encontro. "Há um atrativo no Paraguai, que é a diferença nos custos de produção em relação ao Brasil, de até 35%", disse o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa.
Cartes se reuniu no mês passado com Persio Arida, sócio do BTG Pactual, o maior banco do investimentos da região. O banco informou à Folha que a conversa tratou "dos planos de expansão no Paraguai".
Colaborou FLÁVIA MARREIRO
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