Análise: Egito caminha rumo a um futuro de massacre e tirania
Há egípcios, entre eles os que se consideram liberais, que deram boas-vindas à ofensiva do Exército que desmantelou acampamentos de partidários de Mursi, presidente deposto em julho.
Enquanto compatriotas islamitas eram baleados, no terceiro massacre comandado pelas forças de segurança em menos de um mês, eles encontravam conforto nas afirmações de John Kerry, secretário de Estado dos EUA, que disse que "milhões de pessoas pediram a intervenção" e que os militares estão "restaurando a democracia".
Milhões de egípcios se rebelaram contra o desgoverno de Mursi, que só chegou ao cargo pela força da Irmandade Muçulmana. O ex-presidente e a Irmandade, em sua unidade sectária para cooptar instituições, descaracterizaram a diversidade de uma sociedade jovem, determinada a perseguir o futuro após a queda da ditadura de Mubarak, em 2011.
A Irmandade não é pouco culpada, não só pela desastrada condução de seu ano no governo mas por sua tática desde a deposição.
Eles sabiam que a repressão estava por vir, e que iria fornecer mais da moeda que vendem a seu eleitorado: mártires. Imagens de TVs mostram homens armados e mascarados entre manifestantes, atirando contra as forças de segurança.
Isso não se compara a franco-atiradores do Exército matando manifestantes, mas o ponto é que há pessoas do dois lados que sabem como funciona o jogo sangrento.
Se o general Abdel Fatah al-Sisi e o governo provisório falam sério sobre um futuro includente, precisam parar de tentar decapitar a Irmandade. Quantos cadáveres com um tiro entre os olhos eles podem creditar-lhes?
Tornar clandestina a Irmandade é receita garantida para prolongar o massacre. Liberais egípcios deveriam cessar apoio aos militares e se juntar aos islamitas. A Irmandade, também, precisa se autoanalisar com frieza.
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