Detenção de brasileiro em Londres mobiliza a oposição britânica
A parlamentar Yvette Cooper, que acompanha pela oposição as atividades do Departamento de Justiça, exigiu uma investigação urgente do uso da lei de terrorismo na detenção de David Miranda, o namorado do jornalista Glenn Greenwald.
Segundo ela, os ministros devem determinar se houve mau uso da lei. "Qualquer sugestão de que poderes de combate ao terrorismo estejam sendo mal usados deve ser investigada e esclarecida com urgência", ela disse.
Horas antes, o chefe da Comissão de Assuntos Internos do Parlamento britânico, Keith Vaz, disse ao programa "Today", da rádio BBC 4, que a detenção do brasileiro deve ser explicada pela polícia.
"O que é extraordinário é que eles sabiam que se tratava do parceiro de Greenwald e, desta forma, fica claro que não apenas as pessoas envolvidas estão sendo alvos, como também pessoas ligadas aos envolvidos", disse Vaz.
Já David Anderson, revisor independente da lei, disse que o tratamento dado ao brasileiro David Miranda pareceu "incomum". Seis agentes teriam feito a Miranda perguntas sobre sua "vida inteira" durante o período em que ficou detido no aeroporto de Heathrow.
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Em entrevista à Radio 4 da BBC, Anderson disse que, dentre os mais de 60 mil detidos com o uso do mesmo dispositivo legal da lei antiterrorismo, apenas 40 foram questionados por mais de seis horas. "Podemos ver o quanto esse caso foi incomum se é verdade que o sr. Miranda foi detido até o limite de nove horas", afirmou.
Diana Brito /Folhapress | ||
Após ser detido por quase nove horas em Londres, o brasileiro David Miranda chega ao aeroporto no Rio e é cercado por jornalistas |
O brasileiro vinha de Berlim até o Rio quando foi detido no aeroporto. Todos os seus equipamentos eletrônicos, incluindo celular, laptop, máquina fotográfica, pen drives, DVDs e consoles de videogame, foram apreendidos.
"Fiquei numa sala, onde seis agentes entravam e saíam, se revezando para falar comigo. Perguntaram sobre a minha vida inteira, sobre tudo. Seguraram o meu computador, videogame, celular, pen drives, máquina fotográfica", lamentou.
Um porta-voz do governo disse que cabe à a polícia deve julgar quando é necessário e proporcional usar os poderes garantidos pela lei antiterror.
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