Bolívia pede à Interpol alerta de prisão contra senador asilado pelo Brasil
A Procuradoria-Geral da Bolívia pediu nesta quinta-feira à Interpol a emissão de um alerta de prisão contra o senador Roger Pinto Molina. Adversário de Evo Morales, ele chegou à Brasília após operação organizada por um diplomata brasileiro.
Pinto Molina estava abrigado na embaixada brasileira em La Paz até a última sexta (30), quando deixou o país por terra em dois carros diplomáticos brasileiros que o levaram até Corumbá (MS). A operação foi organizada pelo encarregado de negócios do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia, que comandava a missão diplomática.
O governo brasileiro afirmou que Saboia agiu por conta própria, mas o diplomata afirma que organizou a retirada após o senador ameaçar se suicidar. A retirada do parlamentar causou uma crise diplomática com a Bolívia e a saída de Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o procurador-geral interino boliviano, Roberto Ramírez, a solicitação foi enviada após uma "avaliação de todos os processos e mandados de prisão contra o senador Roger Pinto". A Justiça ordenou sua prisão por quatro crimes, todos relacionados com irregularidades na administração pública.
"Esta pessoa (Pinto) tem que responder aos processos de corrupção, por isso são ativados estes mecanismos internacionais para que se tornem efetivas as ordens de prisão, este é o trâmite que se segue sempre que uma pessoa se declara rebelde", disse Ramírez.
O documento pedido pelo governo boliviano é a notificação vermelha, uma solicitação válida para todos os países integrantes da Interpol para que o suspeito seja identificado e localizado para prisão preventiva e extradição no país onde ele está.
ABRIGO
Roger Pinto Molina pediu abrigo à embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012 e ficou no local por 455 dias, argumentando que sofria perseguição política. Em agosto do ano passado, o governo brasileiro deu asilo diplomático ao senador, mas este não recebeu o salvo-conduto para ir ao Brasil.
Segundo Eduardo Saboia, as negociações entre os dois países para a saída do senador estavam praticamente paralisadas. No mesmo período, a saúde do senador se deteriorou e o diplomata brasileiro afirmou que ele poderia cometer suicídio.
As autoridades bolivianas acusam Roger Pinto de corrupção em vários processos, o que o político sempre rejeitou. A promotoria lembrou que o senador foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado estimados em US$ 1,7 milhão (R$ 4,08 milhões).
Os presidentes Evo Morales e Dilma Rousseff se reunirão nesta sexta-feira no Suriname, onde vão participar da Cúpula da Unasul, para buscar uma solução para a crise do caso Roger Pinto.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis