Premiê britânico descarta participação em ofensiva na Síria
Humilhado pela derrota de anteontem no Parlamento britânico, o primeiro-ministro David Cameron afirmou ontem que o Reino Unido não participará de uma possível intervenção militar na Síria.
Ele prometeu respeitar o resultado da votação que rejeitou sua proposta de ação e ligou para a Casa Branca para informar o recuo ao presidente dos EUA, Barack Obama.
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O revés deixou o premiê em situação frágil em seu país e no exterior. Cameron havia se antecipado ao aliado no início da semana, ao pedir aval da ONU a um ataque contra o ditador Bashar al-Assad.
"Vamos continuar a condenar o que ocorreu na Síria. Mas uma coisa que foi proposta, o possível envolvimento britânico em alguma ação militar, não vai ocorrer", disse.
"O Parlamento refletiu o enorme ceticismo da população britânica sobre qualquer envolvimento no Oriente Médio. Eu entendo isso, e esta parte não vai avançar."
A imprensa londrina tratou o caso como a maior derrota do premiê desde sua posse, em 2010. Cameron não pretende renunciar, mas deve promover uma reforma em seu gabinete nas próximas semanas. Ele foi derrotado com a ajuda de 30 deputados de seu partido, o Conservador.
Na conversa com Obama, ele prometeu que continuará a apoiar a pressão sobre Assad no campo diplomático. "O primeiro-ministro deixou claro que acredita fortemente numa resposta dura", afirmou seu gabinete.
Segundo o governo britânico, Obama respondeu que manterá a "forte amizade" com o premiê e elogiou a "relação especial" entre os países.
O líder da oposição britânica, Ed Miliband, disse que o veto à ação na Síria deveria sinalizar o fim da política de alinhamento automático com os EUA, que classificou como um resquício da Guerra Fria.
Com o recuo do Reino Unido, a França assume sua posição como aliado preferencial dos americanos entre os países europeus dispostos a atacar a Síria. O presidente François Hollande reafirmou que é hora de "punir" Assad.
"Estamos prontos", disse, sobre uma possível ação militar nos próximos dias.
Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, descartou a participação nos bombardeios. "Nem fomos procurados nem nos oferecemos para participar", disse.
A chanceler Angela Merkel disputa a reeleição no próximo dia 22. Segundo a rede ZDF, 58% dos alemães são contrários à ação militar.
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