Centro de tortura na ditadura é usado para churrasco por secretário de Cristina
A Associação de Ex-Detentos Desparecidos de Buenos Aires denunciou que funcionários do governo de Cristina Kirchner realizaram um churrasco no fim de semana no espaço onde funcionou a Esma (Escola Mecânica da Marinha) e que hoje abriga centros culturais e políticos. O local foi o principal prisão clandestina durante a ditadura argentina. Estima-se que 5.000 pessoas tenham sido torturadas ou mortas ali.
Em um comunicado, a entidade disse que 30 pessoas, algumas vítimas da repressão na ditadura, faziam uma visita guiada no sábado, 31 de agosto, quando se depararam com o churrasco em frente a uma área do grupo político H.I.J.O.S. Entre os comensais, o subsecretário de Promoção dos Direitos Humanos, Carlos Pisoni.
"Nós falamos para eles que não podiam fazer isso em um lugar onde queimaram corpos de companheiros", disse ao jornal "La Nación" Enrique Fukman, sequestrado na ditadura.
Em dezembro, o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Julio Alak, também realizou um churrasco no local e foi duramente criticado.
Nora Cortinãs, integrante da Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, se disse indignada com o uso festivo da Esma. "Em Auschwitz não se faz essas coisas".
O candidato kirchnerista a deputado pela cidade de Buenos Aires, Juan Cabandié, disse que lhe dava "alegria" ver o uso do espaço da Esma para churrascos. "Temos que dar vida e novos significados aos lugares", afirmou a uma emissora de rádio.
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