Vice de Kerry admite dificuldades com Brasil por conta de espionagem
O número dois do Departamento de Estado americano, William Burns, admitiu ontem que a relação entre Brasil e Estados Unidos passa por dificuldades por causa das "revelações sobre a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA)", mas afirmou que espera a visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington, programada para outubro.
Burns, que é vice do secretário de Estado, John Kerry, falou durante a cerimônia fechada de posse da nova embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde. Ayalde chega no Brasil no domingo.
Segundo a Folha apurou, Burns enfatizou a importância das relações bilaterais, mas reconheceu as dificuldades causadas pelo escândalo de espionagem da agência americana sobre a presidente Dilma, referindo-se explicitamente às "revelações sobre a NSA". Ele tratou a visita da presidente, que está em dúvida, como fato.
O embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira, não esteve presente à cerimônia de posse, no Departamento de Estado. Ele foi representado pelo ministro-conselheiro Ernesto Araújo.
Segundo dados passados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden ao jornalista americano Glenn Greenwald, os EUA tiveram acesso a conversas e mensagens trocadas por Dilma com seus assessores mais próximo.
Em reunião às margens da cúpula do G20, em São Petersburgo, o presidente Barack Obama se comprometeu, segundo Dilma, a transmitir explicações formais sobre a espionagem até anteontem.
Para obter essas informações, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo está nos EUA.
Anteontem, ele se reuniu com a conselheira de segurança nacional de Obama, Susan Rice, em Washington.
Em nota, a Casa Branca afirmou que o presidente americano "entende as preocupações levantadas pelo Brasil a respeito de certas atividades de inteligência supostamente realizadas pelos EUA". E prometeu uma "ampla revisão" das atividades de inteligência para garantir que são apropriadas.
Ontem, já em Nova York, Figueiredo encontrou-se com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mas não revelou o teor da conversa.
A missão do Brasil na ONU tampouco revelou detalhes sobre como a questão da vigilância foi abordada, nem explicou que tipo de cobrança o governo fez aos EUA.
Se Figueiredo tratou de vigilância na reunião de ontem com Ban Ki-moon, não foi a primeira vez que ele levou a pauta à ONU.
Em julho, em uma reunião do Conselho de Segurança, o então representante do Brasil no órgão já discursava sobre a necessidade de respeito à privacidade no uso de telefone e internet.
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