Para rebeldes sírios, diplomacia protege o regime de Assad
No porão de uma delegacia destruída por bombardeios, enquanto escutam o jato que rosna pelos céus, rebeldes sírios concentram suas atenções na TV, que dá as notícias mais recentes sobre o possível ataque dos EUA. O som dos disparos do avião é recebido com desdenhosa saudação.
"Espere até haver uma verdadeira força aérea nos céus", diz um jovem desertor, que combate no norte sírio há um ano. "O regime terá mais medo dos norte-americanos do que nós temos do regime."
Isso aconteceu há dois finais de semana. Na quarta-feira passada, porém, o clima entre os rebeldes mudara radicalmente. "Não deveríamos ter acreditado neles", disse o líder do grupo. A substituição dos ataques por negociações foi recebida com desespero e raiva em Aleppo.
"Estávamos contando com isso [a intervenção externa]", disse o xeque Omar Otthman, líder da brigada Liwa al-Tawheed, principal força armada local. "O sofrimento em Ghouta [onde houve o ataque químico] poderia ter criado uma oportunidade para o fim de nosso sofrimento."
Para líderes na região, ninguém estava sendo sério quanto a ajudá-los.
"Eles passaram semanas dizendo que Bashar deve ser punido, (...) mas lhe deram a chance de fazer o que já fez: assassinar pessoas e sair impune. Ele vai enrolá-los, enganá-los e desgastá-los", diz Abu Hamza, um ex-coronel das Forças Armadas sírias.
"Eles não sabem que negociar depois de ameaçar o uso da força é provar que você é fraco?", diz Abu Tayeb, membro do conselho de governo em uma das principais milícias da região.
Os rebeldes do norte vinham preparando uma operação militar para coincidir com o ataque dos EUA, primeira oportunidade de avançar tendo cobertura aérea.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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