Síria dá à Rússia supostas provas de culpa rebelde em ataque químico
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, disse nesta quarta-feira que recebeu do regime sírio dados que provam a culpa dos rebeldes nos ataques químicos que ocorreram no país.
Os rebeldes, na maioria sunitas, lutam há mais de dois anos pela deposição do ditador Bashar al-Assad, que é um alauíta (facção do islã xiita).
Conforme informações da BBC, em entrevista à mídia russa, Riabkov criticou o relatório elaborado por uma equipe de inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) e afirmou que as novas informações acabaram de chegar e ainda terão de ser analisadas. Ele destacou que a Rússia "examinará" este material "com a máxima seriedade".
Para o russo, o relatório da ONU foi "distorcido, parcial e baseado em informações insuficientes". Para ele, é preciso que "se saiba mais do que o que houve em 21 de agosto".
No dia 21 de agosto passado, um ataque com gás sarin deixou centenas de pessoas mortas em Ghouta, no subúrbio de Damasco. Vídeos e fotos das vítimas chegaram à internet, provocando reação da comunidade internacional. Para a inteligência americana, o ataque foi realizado pelo regime e matou 1.429 pessoas, sendo 426 crianças.
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Originalmente, os inspetores da ONU foram enviados à Síria para investigar três suspeitas de ataques químicos, em Khan al-Assal, Sheikh Maqsoud e Saraqeb. Depois do ataque de 21 de agosto, porém, as instruções deles mudaram, e eles se concentraram naquele incidente.
"Estamos decepcionados, para dizer o mínimo, com o enfoque da secretaria da ONU e dos inspetores da ONU que estavam na Síria, que prepararam seu relatório de forma seletiva e incompleta, sem levar em consideração elementos que havíamos destacado repetidas vezes", afirmou a autoridade russa.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta terça (17), em declarações ao canal em espanhol Telemundo, que o relatório da ONU mudou a opinião da comunidade internacional.
"Quando se observam os detalhes e as provas que [a ONU] apresenta, é inconcebível que ninguém que não seja o regime as tenha usado [armas químicas]", disse o presidente. "Acho que isso muda a dinâmica internacional. Acho que muda a opinião internacional sobre a questão", afirmou.
Para a Rússia, entretanto, o ataque químico foi uma "provocação" planejada pelos rebeldes, com o objetivo de estimular uma intervenção militar internacional no país.
De acordo com a agência de notícias AFP, o chefe dos inspetores da ONU, o sueco Aake Sellström, afirmou que sua equipe voltará "em breve" à Síria para investigar as acusações. "Sim, retornaremos à Siria. Ainda não fixamos um calendário e não posso dizer quando, mas será em breve."
ECONOMIA
Os preços ao consumidor na Síria continuam aumentando e a inflação atingiu mais de 68% em um ano, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira. A taxa anual de inflação chegou aos 68,03% em maio, segundo o Escritório Central de Estatísticas.
O relatório atribui a aceleração da inflação à alta dos preços dos produtos de primeira necessidade como pão, leite, cereais, carne e óleo. Segundo a imprensa oficial, a inflação também afeta também outros setores como os transportes e vestuário.
O ministério da Indústria estima que as perdas do setor industrial público desde o início do conflito e agosto passado se elevam a US$ 500 milhões.
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