"Estamos topando tudo para sair daqui", diz turista brasileira, 67, em Acapulco
Integrante do grupo de 38 brasileiros que ficou isolado em Acapulco, Julieta Porfírio de Souza, 67, conta a situação no balneário mexicano, do racionamento de água para banho e das restrições para uso do elevador após a passagem de uma tempestade na zona. Ela, que viajou de Manaus para o México com o marido, 66, e um grupo da terceira idade, agradece a sorte que tiveram na cidade, por contar com água e comida no hotel.
Julieta diz, no entanto, que quer deixar a região o quanto antes, mesmo que em avião militar ou de carga:
"Eu vim para o México com meu marido e um grupo. A gente nunca imaginou passar por esse problema aqui em Acapulco. A gente veio aqui para curtir! Imaginei muito sol! Porque nós viemos para passar dois dias, e já estamos há sete dias. Nada do que foi programado nós conseguimos fazer, porque o nosso passeio é mais voltado para santuários.
No sábado [dia 14], iríamos de ônibus para Taxco, para pernoitar. Chegamos a fazer check-out no hotel e tudo. Pegamos o nosso ônibus, mas no caminho o motorista já encontrou algumas ruas com água e quando chegamos na rodovia é que recebemos os avisos do problema. Aí voltamos. Foi uma sorte. Nós corremos o risco de ter ficado no olho do furacão, como se diz.
Até então a gente imaginava que era algo de menor proporção. Mas a água tomou conta das ruas. Aqui na frente do hotel, a água ficou no meio da perna. Agora a gente ainda vê água, mas o nível já baixou. No aeroporto, como vemos na reportagens, a água ficou a um metro de altura. O país ficou destruído.
Demos graças a Deus que não ficamos mais expostos. Ficamos em um hotel bom, que não faltou alimentação, não faltou nada. Só ficamos impossibilitados de nos movimentar. A nossa água [para banho] está limitada, porque o hotel está sendo abastecido com carro-pipa. Estamos no sétimo andar, e ontem tivemos de enfrentar escada. Os três elevadores sociais estão paralisados. E o de serviço também parou ontem, por falta de assistência. Eles têm outros órgãos prioritários para atender nesse tipo de emergência.
Nós estamos topando tudo para sair daqui. A coordenadora está em contato com o consulado. Falaram de um avião Hércules, que era desconfortável. Não importa, porque a gente fica muito angustiada vendo todos esses problemas acontecerem. A gente vê na televisão que o Manuel, que é a tormenta, ganhou força e já se transformou em furacão. Claro que é em um lugar mais longe daqui, mas tudo isso deixa a gente assustado. Teve gente que ficou nervosa, tem gente de 80 anos, é normal ficar nervoso. Mas agora o grupo está muito otimista de que tudo vai dar certo.
A nossa intenção número 1 é conseguir chegar ainda a tempo de ir ao Santuário de Guadalupe [na Cidade do México] para agradecer para a sorte que tivemos."
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