Kerry e chanceler iraniano retomam negociações nucleares
O novo governo do Irã retomou nesta quinta-feira suas negociações nucleares com seis potências mundiais, e seu chanceler, Mohammad Zarif, se sentou ao lado do secretário norte-americano de Estado, John Kerry, em um raro contato de primeiro escalão entre os dois países.
O encontro ocorre paralelamente à sessão anual da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Além de Kerry e Zarif, participam os ministros de Relações Exteriores de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China.
O secretário do Exterior britânico, William Hague, disse que a reunião foi marcada por um tom "extremamente bom", enquanto a comissária de Política Externa da União Europeia, Catherine Ashton, classificou a discussão como "substancial".
Catherine acrescentou que as partes concordaram em se reunir em Genebra, na Suíça, em 15 e 16 de outubro, e que o Irã poderá responder à proposta nuclear atual das potências ou apresentar uma proposta.
Ela disse que 12 meses é um bom período de tempo para o Irã considerar a implementação de medidas nucleares.
Os EUA e seus aliados há uma década acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que Teerã nega, insistindo que seu objetivo é apenas gerar energia para fins civis.
Washington e Teerã romperam relações diplomáticas logo depois da Revolução Islâmica iraniana de 1979, e contatos entre funcionários de alto escalão dos dois países são muito raros. Os chefes da diplomacia iraniana e norte-americana não se cumprimentavam desde 2007.
Nas últimas semanas, declarações conciliatórias do novo presidente iraniano, o moderado Hasan Rowhani, motivaram certo otimismo sobre um processo que leve o Irã a abandonar atividades nucleares delicadas.
Kerry disse que tinha a expectativa de "uma boa reunião", mas não especificou o que a República Islâmica precisaria fazer para convencer o Ocidente da sua intenção de esclarecer as dúvidas que cercam seu programa nuclear.
Sob anonimato, um funcionário graduado do Departamento de Estado disse que os EUA não esperavam resolver nada na reunião, mas acrescentou: "Estamos esperançosos de que poderemos continuar a trilhar um caminho adiante".
Zarif, um diplomata que estudou nos EUA, foi indicado por Rowhani para negociar a questão nuclear com as potências mundiais. Em seu discurso nesta semana à ONU, o presidente iraniano prometeu que seu país jamais tentará desenvolver armas nucleares.
Falando nesta quinta-feira a uma reunião da ONU sobre desarmamento nuclear, Rowhani declarou que "nenhuma nação deveria possuir armas nucleares, já que não há mãos certas para essas armas erradas".
Ele também aproveitou para criticar o arqui-inimigo Israel, dizendo que o Estado judeu, supostamente dono do único arsenal nuclear do Oriente Médio, é o responsável pelo fracasso nos esforços internacionais para que essa seja uma região livre de armas atômicas.
Israel acusa Rowhani de tentar enganar o mundo com suas declarações conciliatórias para poder ter mais tempo de desenvolver um programa nuclear militar.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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