Polícia grega ordena prisão de casal de ciganos acusado de sequestrar menina
A polícia da Grécia ordenou nesta segunda-feira a prisão de um casal de ciganos acusado de sequestrar uma criança, num caso que alimenta o controverso crescente escrutínio sobre a população cigana na Europa.
O casal, identificado pela polícia como Christos Salis, 39, e Eleftheria Dimopoulou, 41, negou durante cinco horas de depoimento que tenha sequestrado a menina, chamada de "Maria", após testes comprovarem que eles não eram seus país biológicos.
A polícia trabalha com várias hipóteses -desde tráfico de crianças, esquema para obter benefícios sociais ou simples adoção ilegal-, mas as contradições no depoimento e dados incongruentes sobre outros filhos adotivos do casal complicam as perspectivas dos acusados.
Em meio a versões contraditórias, agora eles afirmam que a receberam de uma mulher búlgara. Segundo a polícia grega, o casal registrou 14 crianças em vários locais da Grécia.
A mulher detida tinha em seu poder outro documento de identificação, onde aparece com o nome de Seleni Sali with, com data e local diferentes. Por causa disso, além de eles serem processados sob acusação de sequestro de menores, o casal deve ser acusado também de falsificação de documentos.
A polícia da Grécia lançou um apelo à Interpol para tentar achar os pais biológicos de "Maria", que deve ter entre quatro e seis anos e foi batizada na imprensa grega de "anjo loiro".
Foi sua pela clara e cabelo dourado que chamaram a atenção da polícia durante uma batida a um acampamento cigano em Farsala, no centro da Grécia, na semana passada. O contraste entre essas características e a aparência do casal que se apresentava como seus pais fez a polícia começar o interrogatório.
POLÊMICA
O caso acontece num momento em que recrudesce o debate na Grécia e em outras partes da Europa em crise sobre imigração, xenofobia e preconceito, e um das populações frequentemente afetadas é a dos ciganos. Estima-se que 11 milhões de ciganos vivam na Europa.
Na França, centenas de estudantes protestaram na semana passada contra a deportação da estudante kosovar Leonarda Dibrani, 15, de origem cigana. No sábado, o presidente do país, François Hollande, disse que ela poderá retornar ao país para continuar seus estudos, caso tenha interesse.
Na Grécia, os advogados do casal e representantes da comunidade cigana na Grécia disseram temer que acaso de "Maria" alimente racismo contra os ciganos.
"Eles a adotaram porque sentiram pena dela", disse Marietta Palavra, advogada do casal de ciganos, na TV grega.
Já o presidente da ONG que cuida temporariamente de "Maria", Costas Yiannopoulos, disse ao "New York Times" que o episódio "abre uma caixa da Pandora sobre o que está acontecendo com os ciganos e a exploração de crianças não só na Grécia, mas na Europa". Para ele, não há estatísticas sobre isso porque "as autoridades não enfrentam o assunto por medo de serem acusadas de racismo."
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