Snowden está disposto a depor sobre suposta espionagem da Alemanha pelos EUA
O parlamentar alemão Hans-Christian Ströbele disse que se reuniu com Edward Snowden em Moscou nesta quinta-feira e que o ex-funcionário de espionagem dos Estados Unidos estava disposto a contribuir com as investigações da Alemanha sobre o suposto grampeamento do celular da chanceler Angela Merkel.
Ströbele, do partido opositor Verdes, disse à emissora alemã ARD que estava claro que Snowden "sabia muito" e que ele compartilharia os detalhes do encontro, inclusive uma carta de Snowden ao governo alemão, na sexta-feira.
O parlamentar publicou uma foto no Twitter ao lado de Swnoden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) que vazou detalhes dos programas secretos de vigilância de Internet e telefone dos Estados Unidos, e a emissora transmitiu imagens dos dois se cumprimentando em uma sala.
"Ele deixou claro que sabe muito e que assim que a Agência de Segurança Nacional bloquear as investigações ... ele está essencialmente preparado para vir à Alemanha e dar seu testemunho, mas as condições devem ser discutidas", disse Ströbele.
Snowden disse a Ströbele que devido a sua complicada situação - os EUA retiraram seu passaporte - não poderá depor pessoalmente. Alemanha e EUA têm um acordo de extradição assinado e Washington já enviou ao governo alemão de forma preventiva uma solicitação de extradição de Snowden.
Snowden é considerado fugitivo pelos EUA, que o acusam, entre outras coisas, de espionagem. Ele ganhou asilo temporária na Rússia em agosto.
Uma alternativa simples, esclarece o "Süddeutsche Zeitung", seria um depoimento a distância, desde Moscou, como propôs o próprio Ströbele na reunião.
Outra, lembra o jornal, factível, mas mais complexa legal e diplomaticamente, seria a concessão a Snowden de uma permissão de residência para "salvaguardar os interesses políticos da Alemanha".
A reunião entre Snowden e Ströbele transcorreu entre fortes medidas de segurança, e o parlamentar alemão foi levado por agentes secretos em um veículo com vidros escuros de seu hotel até o lugar onde se encontra o ex-técnico da NSA.
A chanceler alemã, Angela Merkel, enviou seus principais assessores de assuntos externos e de inteligência a Washington nesta semana para questionar autoridades dos EUA sobre alegações de que o telefone celular dela havia sido grampeado pela NSA, o que provocou indignação na Alemanha.
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