Netanyahu ordena cancelamento de projeto para construir 24 mil casas na Cisjordânia
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, determinou nesta terça-feira a anulação do projeto do Ministério da Habitação para licitar a construção de 20 mil residências nas colônias da Cisjordânia, anunciou uma fonte oficial.
Israel prevê construção de 24 mil novas moradias na Cisjordânia
EUA e Palestina respondem ao projeto de colonização de Israel
"O premier ordenou ao ministro da Habitação, Uri Ariel, reconsiderar todas as medidas relacionadas ao planejamento (dessas habitações), tomadas sem coordenação prévia", informou o gabinete de Netanyahu.
"Essa iniciativa não contribui para a colonização, pelo contrário, a prejudica. Trata-se de um gesto inútil - legalmente e na prática - e de uma ação que provoca uma confrontação desnecessária com a comunidade internacional, no momento em que nos esforçamos para convencer os membros desta mesma comunidade a obter um acordo melhor com o Irã", disse Netanyahu, criticando o ministro da Habitação, membro do partido de extrema direita Lar Judeu.
Ariel aceitou o pedido do primeiro-ministro, segundo o comunicado.
OPOSIÇÃO
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, havia advertido na noite desta terça-feira que "o processo de paz acabaria", caso Israel não recuasse em sua decisão, segundo o negociador Saeb Erakat.
Os Estados Unidos também manifestaram a sua oposição.
"Estamos profundamente preocupados (...) Ficamos surpresos com este anúncio e estamos buscando explicações do governo israelense", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki.
O secretário de Estado americano, John Kerry, telefonou na noite desta terça para o líder palestino, de acordo com uma fonte palestina.
O anúncio do projeto do Ministério da Habitação foi feito pela ONG anti-colonização Paz Agora.
O ministro israelense da Energia, Sylvan Shalom, havia confirmado à rádio militar os projetos israelenses: "Não há por que criar toda uma história. Nós construiremos em Judeia-Samaria (Cisjordânia) e continuaremos a fazê-lo. É a política declarada do governo e do Likud", partido de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Menahem Kahana - 13.set.2010/AFP | ||
Foto de 2010 mostra a construção da colônia israelense de Givat Zeev na Cisjordânia, ao norte de Jerusalém |
Esse anúncio acontece no momento em que Israel e Estados Unidos adotam posturas contrárias em relação à questão nuclear iraniana, com os israelenses acusando os americanos de querer concluir a todo custo um "acordo ruim" com Teerã.
Antes de sair de Israel, com Netanyahu condenando o possível acordo, Kerry pediu ao Estado judeu para limitar a construção dos assentamentos.
SETOR E1
Netanyahu já havia bloqueado a construção de 1.200 residências - das 20 mil programadas - no polêmico setor de E1, que liga Jerusalém Oriental à Cisjordânia.
A comunidade internacional, em particular os Estados Unidos, condenou com firmeza o projeto na área E1, que dividiria a Cisjordânia em duas, comprometendo a viabilidade de um Estado palestino.
Em recente viagem ao Oriente Médio - para tentar relançar, aparentemente em vão, as negociações entre israelenses e palestinos - John Kerry lembrou que os Estados Unidos consideram a colonização judaica "ilegítima".
Kerry rejeitou as declarações de autoridades israelenses segundo as quais palestinos e Estados Unidos haviam aceitado tacitamente a continuidade dos projetos de colonização em troca da libertação de prisioneiros palestinos.
Em julho, Mahmud Abbas se comprometeu a suspender qualquer iniciativa palestina de adesão às organizações internacionais, incluindo as instâncias judiciais capazes de julgar Israel, durante os nove meses de duração das negociações de paz.
O processo de paz do Oriente Médio foi retomado neste ano, sob mediação dos Estados Unidos, após três anos de hiato por causa da recusa palestina em aceitar a ampliação de assentamentos em áreas reivindicadas para o seu futuro Estado.
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