Hollande pede fim dos assentamentos judaicos em visita a Cisjordânia
O presidente da França, François Hollande, declarou nesta segunda-feira que seu país se opõe à política de assentamentos de Israel, reiterando que tal medida "complica as negociações" e, por consequência, reduz as possibilidades de uma possível solução pacífica ao conflito no Oriente Médio.
"A França se opõe aos assentamentos, que devem ser cessados porque complicam as negociações", disse Hollande em uma entrevista coletiva junto ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, com quem se reuniu em Ramallah.
O chefe do Estado francês ressaltou que "o gesto de retirar os projetos de assentamentos deve ser oferecido para assegurar os avanços nas negociações". Anteriormente, a equipe negociadora palestina renunciou a seguir os contatos de paz devido à falta de seriedade de Israel por causa da política de assentamentos.
Hollande, que realiza sua primeira visita oficial aos territórios palestinos e Israel, se referiu ao processo de paz entre israelenses e palestinos, iniciado no final de julho e assegurou que os assentamentos judaicos supõem um obstáculo nesse caminho.
Debbie Hill/AFP | ||
Primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, discursa no parlamento ao lado do presidente da França, François Hollande |
"Os assentamentos complicam o que pode ser um acordo definitivo. Queremos a paz e devemos ter gestos nesta direção", disse Holande ontem em entrevista coletiva com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém.
Em seu comparecimento junto a Abbas, Hollande também abordou o problema dos refugiados palestinos, uma das questões fundamentais do conflito palestino-israelense, e assinalou que "devem ser feitas propostas realistas ou, caso contrário, não haverá um acordo".
O presidente francês também se mostrou confiante em que as duas partes possam chegar a um acordo de paz, ressaltando que o compromisso da França com esse fim não é novo e que se baseia em dois direitos fundamentais: "Um Estado soberano palestino e a segurança de Israel, que não são contraditórios".
De acordo com Hollande, estes princípios são "garantias mútuas" de que não haverá paz sem segurança: "não haverá um Estado viável e democrático palestino se a segurança de Israel não estiver garantida".
Por sua parte, o presidente Abbas agradeceu o apoio político e orçamentário de Hollande, materializado hoje com a assinatura de vários acordos bilaterais em distintas matérias, e mencionou que analisou a relação bilateral e os obstáculos no atual processo de paz com Hollande.
Abbas também louvou os esforços dos EUA e dos outros três membros do Quarteto para o Oriente Médio (UE, ONU e Rússia), que censuraram os últimos anúncios de Israel em torno de novas casas no território palestino ao considerar que os mesmos "são ilegais e violam o direito internacional".
Hollande foi recebido hoje com honras em sua chegada a Ramallah, onde visitou o mausoléu que abriga os restos mortais do histórico dirigente palestino Yasser Arafat, situado no complexo da Muqata de Ramallah, a sede da ANP.
PAZ
Netanyahu se ofereceu nesta segunda-feira para ir a Ramallah e "retomar as negociações do processo de paz" com os palestinos e, por sua vez, convidou Abbas a visitar o Knesset (Parlamento israelense).
"Peço a Abbas que desbloqueie o processo político", disse Netanyahu, que pediu ao dirigente palestino que "viesse ao Parlamento para colocar um fim em todas as reivindicações".
"Disse nesta câmara várias vezes que aceito a solução de dois Estados para terminar o conflito. Não são todos os deputados que estão de acordo comigo, mas pelo menos em uma coisa estamos todos de acordo: a paz verdadeira é bidirecional", declarou.
Neste sentido, pediu a Abbas que reconhecesse "a verdade histórica" do vínculo "de quase quatro mil anos entre o povo judeu e a terra de Israel", uma das reivindicações israelenses aos palestinos nas negociações de paz que começaram em julho.
"Não se pode pedir aos judeus que reconheçam um Estado nacional palestino sem exigir aos palestinos que reconheçam o Estado nacional do povo judeu", defendeu.
Netanyahu exigiu em diversas ocasiões que os palestinos reconheçam Israel como Estado do povo judeu, uma reivindicação que os dirigentes palestinos rejeitam categoricamente.
IRÃ
Durante o discurso no parlamento de Israel nesta segunda-feira, Hollande afirmou que a França quer manter as sanções internacionais contra o Irã até que Teerã renuncie de forma definitiva a suas ambições nucleares.
"A França não deixará que o Irã se dote de armas nucleares [...] Confirmo que manteremos as sanções enquanto não estivermos seguros de que o Irã renunciou definitivamente a seu programa nuclear militar", afirmou.
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