Afeganistão anuncia acordo com os EUA sobre tropas
Os Estados Unidos e o Afeganistão teriam derrubado os últimos obstáculos para um acordo de segurança que permitirá a permanência de tropas americanas no país asiático depois da retirada militar internacional prevista para o final de 2014, segundo porta-voz do presidente afegão, Hamid Karzai.
Os EUA não confirmaram a informação, no entanto.
O suposto acordo preveria que tropas americanas só poderão invadir residências afegãs em "circunstâncias excepcionais" e daria imunidade para os militares americanos à lei afegã.
Segundo o porta-voz de Karzai, Aimal Faizi, o presidente americano Barack Obama fará um pedido de desculpas por escrito ao povo afegão por erros cometidos nos últimos 12 anos de guerra.
Essa era uma exigência de Karzai, que teria sido aceita em uma conversa telefônica na terça-feira (19) com o secretário de Estado americano, John Kerry.
A Casa Branca não confirmou se o presidente Obama concordaria com as demandas afegãs.
O governo americano espera antes a aprovação dos termos do pacto pela chamada "Loya Jirga", ou grande assembleia, que reúne cerca de 2.500 líderes tribais do Afeganistão. Karzai já disse que só pode referendar o acordo se for aprovado pela assembleia, que começa amanhã em Cabul.
Em nome do treinamento das tropas afegãs e de prosseguir a guerra contra a rede terrorista Al Qaeda, os EUA estão dispostos a manter um efetivo estimado entre 7.000 e 15 mil homens no país, a partir de janeiro de 2015. Atualmente, são 60 mil soldados, número que cairá até fevereiro para 30 mil.
No primeiro rascunho do acordo, de julho passado, as tropas americanas teriam direito a carregar armas, usar uniforme e manter veículos e aviões no país. Nesse documento, as tropas americanas ficariam no país até 2024.
O cancelamento poderia ser feito com dois anos de antecedência.
Segundo a rede NBC, o tratado a ser acordado entre os dois países não prevê a instalação permanente de bases militares americanas no país.
O Exército americano teria acesso a instalações militares, algumas de uso exclusivo das tropas americanas.
Atualmente estima-se que a guerra no Afeganistão, já a mais longa do país no exterior, custe US$ 8 bilhões por mês aos cofres americanos --mais de US$ 1 trilhão desde 2001, o equivalente a duas vezes o PIB da Argentina.
Pesquisa do final de julho do jornal Washington Post e da rede de TV ABC dizia que 67% dos americanos achavam que "não valia a pena lutar" no Afeganistão.
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